Em celebração ao mês de agosto indígena, as cidades do Rio de Janeiro e Niterói recebem o evento Guanabara Pyranga, um encontro inédito de mulheres indígenas que têm como objetivo resgatar a memória territorial da Baía de Guanabara. Com diversas atividades artísticas e educacionais, o evento promete ser um marco na valorização da cultura indígena na região.
A abertura do evento acontecerá nesta sexta-feira (16), com uma caminhada em Itaipu, Niterói, pelos sambaquis de Duna Grande e Pequena, considerados os mais antigos sítios arqueológicos e cemitérios ancestrais indígenas do litoral brasileiro. A programação, totalmente gratuita, se estenderá pela Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, pela Fundição Progresso, na Lapa, ambos no Rio de Janeiro, e pelo Centro de Artes da UFF, em Icaraí, Niterói.
Um dos destaques do evento remete à Confederação dos Tamoios, revolta histórica contra a colonização, que uniu povos originários das regiões do litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo no século XVI. No entanto, o evento terá como foco a perspectiva feminina dessa luta histórica, recebendo anciãs, cacicas e mestras de todo o Brasil para refletir sobre a resistência dos povos originários no país.
Guanabara, em tupi-guarani, significa “seio de onde brota o rio-mar”, enquanto Pyranga significa “vermelho”. Pintar a Guanabara de pyranga é uma forma de exaltar a cultura tupinambá e os demais povos originários que habitaram a região. A jornalista Renata Tupinambá, uma das idealizadoras do projeto, destaca a importância desse resgate histórico.
O povo Tupinambá chegou a ter mais de oitenta aldeias na Guanabara, abrangendo diversos municípios como Niterói, Maricá, Saquarema, Cabo Frio e São Gonçalo. Os Puri e os Carijó (Guarani), entre outros povos originários, também deixaram sua marca no estado do Rio de Janeiro.
A programação completa do evento inclui diversas atividades, como contação de histórias, rodas de conversa, exibição de filmes, performances, oficinas e shows musicais. O Conselho Tamuya, que acontecerá nos jardins da Quinta da Boa Vista, trará a memória da Confederação dos Tamoios sob uma perspectiva feminina, promovendo a troca de saberes entre representantes de diferentes comunidades tradicionais.
O evento Guanabara Pyranga é uma oportunidade única de valorização e reconhecimento da cultura indígena na região, resgatando a história e a importância dos povos originários que habitaram a Baía de Guanabara. A participação de mulheres indígenas na organização e execução do evento reforça a importância da diversidade e da preservação das tradições ancestrais.
Em meio a tantos desafios enfrentados pelos povos indígenas no Brasil, iniciativas como o Guanabara Pyranga trazem luz e esperança para a valorização e o respeito à cultura e aos direitos dessas comunidades. Que eventos como esse possam contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas.
Leia a matéria na integra em: Veja Rio
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