Na última semana, a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro realizaram uma operação que resultou na prisão do coronel da Polícia Militar, Alexandre Fontenelle de Oliveira. Durante a Operação Amigos S.A., foram apreendidas escrituras de quatro imóveis, incluindo uma casa em Búzios. O coronel é acusado de liderar uma quadrilha composta por 23 policiais, incluindo cinco oficiais, que extorquiam comerciantes e empresas da Zona Oeste.

Documentos obtidos com exclusividade revelam que existem apartamentos registrados em nome de familiares de Fontenelle. A investigação ganhou novos contornos quando um policial colaborador denunciou que o Estado-Maior da PM recebia repasses mensais de R$ 15 mil de cada batalhão. Com base nessas alegações, o
Ministério Público estadual solicitou a investigação da Corregedoria-Geral Unificada envolvendo o comandante-geral e outros altos oficiais da PM.

As investigações estão centradas em diversos imóveis, incluindo uma casa em Búzios, dois apartamentos (um no Grajaú e outro em Jacarepaguá) e uma lotérica. Os registros indicam que Fontenelle, em parceria com um sócio não identificado, adquiriu a lotérica em 2012, pelo valor de R$ 200 mil, em espécie. Naquele momento, o coronel comandava o 14º BPM (Bangu), descrito na denúncia como um “balcão de negócios da quadrilha militar”.

Mãe e Colegas da PM Adquiriram Cobertura em Jacarepaguá

Uma cobertura em Jacarepaguá, adquirida por R$ 200 mil, está registrada em nome da mãe de Fontenelle, além de dois outros oficiais presos na mesma operação. O apartamento, atualmente, é anunciado por R$ 950 mil, gerando suspicácias devido às condições de moradia do coronel e sua família, que residiam em um imóvel deteriorado, apesar do alto patrimônio.

Dias antes, a irmã de Fontenelle também participou de um leilão onde arrematou um apartamento de 178 metros quadrados, também registrando um valor baixo em comparação ao que o imóvel é oferecido atualmente. Isso levanta questionamentos sobre a origem dos fundos utilizados em tais aquisições.

Fontenelle também possui um imóvel em Búzios, adquirido por R$ 25 mil em 2008, onde investiu posteriormente R$ 90 mil para a construção de uma casa de 305 m², com infraestrutura luxuosa, incluindo piscina e churrasqueira. A propriedade está situada em uma localização privilegiada.

104 Policiais Acusados e Diversas Residências

As investigações apuraram que os 24 policiais denunciados na ação possuem 43 endereços registrados, o que levanta ainda mais suspeitas sobre as atividades ilícitas no seio da PM. O coronel Carlos Alexandre, um dos suspeitos, tem três endereços diferentes, um deles em um condomínio de alto padrão.

A equipe de reportagem tentou contatar o advogado que representa Fontenelle, mas não obteve resposta.

Patrimônio do Alto Escalão Sob Investigação

O Ministério Público está aprofundando a investigação sobre os altos comandos da Polícia Militar. Um sargento preso durante a operação revelou detalhes sobre a suposta troca de propinas no alto escalão da corporação, afirmando que cada batalhão pagava R$ 15 mil mensais. O coronel Luís Castro anunciou a apertura de um Inquérito Policial Militar para esclarecer as acusações, e prometeu convocar envolvidos para depor.

A Secretaria de Segurança Pública reiterou seu comprometimento em esclarecer as irregularidades apontadas, enfatizando que suas ações são pautadas por evidências concretas.