Olá, Saad Znad: Resgatando a Tradição do Artesanato em Caniço dos Árabes do Mar Interior no Pavilhão da Dubai Design Week.

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Dubai Design Week Imagines a Arquitetura do Futuro

Na sua décima edição, a Dubai Design Week deste ano convidou designers de todo o mundo árabe a refletir sobre como expressões vernaculares podem informar soluções sustentáveis, por meio da comissão Abwab. O pavilhão de Ola Saad Znad, intitulado "A Present/Absent Mudhif", busca inspiração nas antigas técnicas de construção dos árabes das marismas no sul do Iraque, reimaginando o mudhif — uma tradicional casa de hóspedes feita inteiramente de juncos e barro.

A arquiteta destaca que sua escolha de evidenciar este patrimônio arquitetônico secular se origina, primeiramente, de seu orgulho em suas raízes iraquianas, além de uma necessidade urgente de abordar sua fragilidade diante de crescentes desafios, como a degradação ambiental. “Mudanças climáticas e a escassez de água representam ameaças existenciais para as terras de pântano iraquianas e as comunidades árabes das marismas”, explica ela. “O aumento das temperaturas e a construção de represas a montante reduziram as marismas, colocando em risco modos de vida e a habilidade artesanal essencial para a confecção dos mudhifs.”

O trabalho reflete preocupação com a sobrevivência de uma cultura, além de celebrar seu legado. Como Saad Znad explica, “o pavilhão é uma reflexão poética sobre presença e ausência: enquanto celebra a habilidade e resiliência deste patrimônio, lamenta a potencial perda dessas tradições.” Criado em estreita colaboração com artesãos indígenas, "A Present/Absent Mudhif" incorpora a versatilidade e sustentabilidade do junco, um material que tem sustentado os árabes das marismas por séculos — abundante na região e com propriedades notáveis de resistência, flexibilidade e isolamento. De forma paralela ao tema selecionado da Abwab, Arquitetura do Futuro, a arquiteta também explora as potenciais aplicações desses ofícios históricos em contextos contemporâneos, sugerindo possibilidades para mobiliário urbano, estruturas de sombreamento e arquitetura responsiva ao clima.

Entrevista com Ola Saad Znad sobre "A Present/Absent Mudhif"

designboom (DB): Por favor, nos fale sobre seu pavilhão "A Present/Absent Mudhif" na Dubai Design Week.

Ola Saad Znad (OSZ): "A Present/Absent Mudhif" é uma instalação multissensorial que revive a antiga tradição do mudhif — uma casa de hóspedes feita inteiramente de juncos, uma forma profundamente enraizada na identidade cultural dos árabes das marismas no sul do Iraque. O pavilhão serve como uma reflexão poética sobre presença e ausência: celebra a habilidade e a resiliência deste patrimônio, ao mesmo tempo em que lamenta a perda potencial dessas tradições devido aos crescentes desafios de escassez de água e mudanças climáticas.

DB: O que o levou a explorar a cultura dos árabes das marismas e seu uso do junco como material de construção?

OSZ: Minha conexão com a cultura dos árabes das marismas vem do meu orgulho por minhas raízes iraquianas e de meu fascínio pela relação entre arquitetura, identidade e memória. O modo de vida dos árabes das marismas é um testemunho poderoso da engenhosidade humana em harmonia com a natureza. O uso de juncos como material de construção é muito sustentável e simboliza um diálogo íntimo entre as pessoas e o meio ambiente. O que mais me atraiu nessa exploração foi a fragilidade desse patrimônio. As tradições arquitetônicas dos árabes das marismas, particularmente o mudhif, encapsulam séculos de conhecimento cultural que poderiam ser perdidos se seu modo de vida se extinguir.

O Impacto das Mudanças Climáticas

DB: Poderia explicar mais sobre como esses desafios climáticos estão impactando a terra e suas comunidades? Como seu pavilhão aborda isso?

OSZ: As mudanças climáticas e a escassez de água representam ameaças existenciais para as terras de pântano iraquianas e as comunidades árabes das marismas. O aumento das temperaturas e a construção de represas reduziram as marismas, colocando em risco modos de vida e artesanato essencial para os mudhifs. "A Present/Absent Mudhif" reflete meus três anos de pesquisa sobre essas crises. Ao destacar o uso de juncos e suas práticas arquitetônicas, busco celebrar sua engenhosidade enquanto levanto a conscientização sobre a urgência de preservar essas tradições e o meio ambiente que as sustenta.

Colaboração e Sustentabilidade

DB: Como foi o processo de colaboração com artesãos indígenas para a confecção do pavilhão?

OSZ: A parte mais emocionante da jornada foi colaborar com artesãos, aprender suas técnicas de tecelagem de junco e, em seguida, ensinar essas habilidades a outros trabalhadores que não eram especialistas no ofício. Esse processo foi incrivelmente gratificante. A alegria de trabalhar de forma prática e ver as pessoas engajadas com a arte tornaram a experiência muito significativa. Por meio dessa colaboração, o pavilhão também se tornou uma ponte, conectando o patrimônio dos árabes das marismas a um público global.

DB: O junco é celebrado aqui como um material de construção sustentável com grande valor patrimonial. Quais são suas propriedades centrais que você gostaria de aproveitar na construção?

OSZ: O junco é um material de construção notável. Sua leveza o torna fácil de manusear, enquanto sua resistência e flexibilidade permitem que seja tecido em estruturas intrincadas e resilientes, como o mudhif. Além disso, sua rápida renovaçã o e abundância nas marismas o tornam um material ecológico que requer energia mínima para colheita e processamento. Suas propriedades naturais de isolamento oferecem excelente regulação térmica, mantendo os espaços frescos no calor e aquecidos em climas mais frios, além de ser resistente à água, essencial para construções em áreas propensas a inundações.

Uma Chamada à Ação

DB: Como você espera que seu trabalho continue a provocar conversas globais/regional sobre patrimônio, sustentabilidade e arquitetura — e, em particular, sobre sua relação com a natureza?

OSZ: Espero que meu trabalho continue a estimular conversas sobre a relação essencial entre patrimônio, sustentabilidade e arquitetura, especialmente sobre como esses elementos se conectam com a natureza. Ao focar em materiais como o junco e tradições como o mudhif, quero incentivar uma maior apreciação pela sabedoria presente nas práticas indígenas e ressaltar a importância da sustentabilidade no design moderno.

O pavilhão "A Present/Absent Mudhif" é, portanto, um convite à reflexão e à ação em nome da preservação cultural e ambiental. Ele busca solidificar a conexão entre passado e presente, entre tradições e inovações.

O pavilhão de Ola Saad Znad

Leia a matéria na integra em: Designboom


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