Forró: A Revolução Feminina no Coração do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro, famoso pelo samba, tem se transformado nos últimos anos em um verdadeiro reduto do forró. Esse ritmo, que tem suas raízes no Nordeste brasileiro, agora pulsa nas ruas, praças e clubes da cidade, especialmente durante o mês das festas juninas. O forró conquistou um espaço caloroso nos corações cariocas, e a variedade de eventos e festas dedicadas ao gênero só reforça essa popularidade.
Historicamente, o forró era dominado por vozes e lideranças masculinas, tanto nos palcos quanto nas rodas de dança. No entanto, essa dinâmica está mudando rapidamente. Hoje, mulheres estão assumindo papéis de destaque: comandando trios, ensinando passos e organizando eventos, trazendo uma nova perspectiva para a cultura forrozeira. Se antes o papel feminino limitava-se a ser dançarina no salão, agora elas estão à frente, desafiando normas e ampliando seu espaço de expressão e liberdade.
Natascha Falcão, uma das vozes que tem se destacado nas rodas do Rio, é também organizadora do Forró da Lagoa, que acontece às quartas-feiras no Kingston Club. Junto com Igor Conde e Virginia Rodrigues, ela se apresenta para uma plateia apaixonada por dançar agarradinho. O evento é uma experiência imperdível: oferece a chance de aprender passos, soltar o corpo em aulões acessíveis, fazer amigos e encontrar parceiros de dança, tudo em um ambiente leve e acolhedor. Mas atenção, o lugar lota, então é aconselhável garantir o ingresso e chegar cedo.
Outro grupo que tem conquistado a cena é o Tocaia, formado por quatro mulheres: Bela Ciavatta, Mari Jasca, Paloma Ronai e Renata Neves. Com seu forró moderno e cheio de sabor, eles mesclam o repertório clássico do forró pé-de-serra, incluindo artistas como Dominguinhos e Luiz Gonzaga, com releituras dançantes de músicas latino-americanas. O grupo é um exemplo da inovação que as mulheres estão trazendo para a tradição.
No interior do estado, o Festival de Forró de Aldeia Velha, um dos maiores do gênero, também prestará homenagem às mulheres forrozeiras na sua 13ª edição. O evento, que começa no dia 18, contará com a abertura da cantora Taís Lara, com o show “Rainhas do Forró”, uma celebração às pioneiras do gênero, como Marinês e Glória Gadelha, que abriram caminhos para as artistas contemporâneas.
O forró está se reafirmando como um importante símbolo cultural no Brasil. Em 2021, as Matrizes Tradicionais do Forró foram reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Iphan. No Rio, a criação do Dia Municipal da Mulher Forrozeira Carmélia Alves, celebrado em 14 de fevereiro, já é uma realidade. Projetos de lei homenageando outras grandes figuras femininas do forró estão em tramitação nas esferas estadual e federal.
Um Olhar sobre o Forró
O forró, nascido no sertão nordestino, é uma rica expressão da cultura popular brasileira, com estilos como baião, xote e xaxado, que floresceram no início do século XX, em grande parte pela influência de artistas como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Sua instrumentação simples — sanfona, zabumba e triângulo — contrasta com a complexidade rítmica e a profundidade lírica, que revisitam temas como amor e resistência.
Mas como esse som do sertão encontrou seu espaço na metrópole carioca? A resposta está no fluxo migratório que levou milhões de nordestinos para grandes cidades, tornando o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, na Feira de São Cristóvão, um marco dessa intersecção cultural. Lá, o forró nunca para; diversas bandas se revezam nos palcos, mantendo viva a tradição enquanto experimentam novas sonoridades.
Outro evento que merece destaque é o Forró da Gávea, que reúne forrozeiros de todas as idades na Zona Sul do Rio, trazendo artistas renomados e novos talentos. Além disso, o Forró do Rio, realizado em importantes espaços como a Fundição Progresso e a Lapa, também atrai um público diversificado, com apresentações que misturam o tradicional com fusões contemporâneas.
Com danças que celebram a resistência cultural e a diversão genuína, o forró se mantém mais vibrante do que nunca no Rio de Janeiro. Entre passos e reviravoltas, essa dança reafirma uma verdade fundamental da cultura popular: a arte nasce do encontro e cada batida ressoa a união de diversas histórias e identidades.
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