Wall Street em alerta com crise no setor imobiliário dos EUA
Wall Street vive um caso de déjà vu. Já passou quase um ano desde que o colapso de três credores regionais dos Estados Unidos deixou as instituições financeiras e os reguladores em alerta para evitar a propagação de uma crise bancária.
Hoje, os investidores estão preocupados por conta de sinais familiares ao cenário passado. Mas embora a última crise tenha sido toda relacionada com o risco das taxas de juro, esta gira em torno do mercado imobiliário de US$ 20 trilhões dos EUA.
Setor imobiliário em crise
Após décadas de crescimento sustentado por taxas de juro baixas e crédito fácil, o imobiliário comercial atingiu um impasse. As avaliações de escritórios e propriedades comerciais têm caído desde que a pandemia mudou o local onde as pessoas vivem e trabalham e a forma como fazem compras.
Os esforços do Federal Reserve (Fed) para combater a inflação através do aumento das taxas de juro também prejudicaram a indústria dependente do crédito. Isso é uma má notícia para os bancos regionais, que detêm a maior parte dos empréstimos imobiliários comerciais.
Os bancos dos EUA detêm cerca de US$ 2,7 trilhões em empréstimos imobiliários comerciais. A maior parte disso está nas mãos de bancos regionais menores, que podem ter problemas para cobrar esses empréstimos em um mercado conturbado.
Mais de US$ 2,2 trilhões vencerão até o final de 2027, segundo a empresa de dados Trepp. O medo se intensificou recentemente com perdas inesperadas relatadas por alguns bancos, como o New York Community Bancorp.
O risco se estende para fora dos EUA, com bancos estrangeiros também enfrentando problemas relacionados a empréstimos imobiliários nos EUA. Alguns já tiveram que reservar grandes quantias para cobrir potenciais inadimplências.
Empresas também estão vendendo propriedades valiosas por preços baixos, como forma de se proteger da deterioração do mercado imobiliário.
O Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira alertou sobre os riscos financeiros do setor imobiliário comercial, citando possíveis repercussões no sistema financeiro e nas receitas fiscais dos municípios.
Risco de “contágio”
A secretária do Tesouro, Janet Yellen, e o presidente do Fed, Jerome Powell, têm abordado a questão publicamente, reconhecendo os desafios que o setor enfrenta. Powell mencionou que alguns bancos menores podem precisar ser fechados ou fundidos devido à crise no setor imobiliário.
Yellen testemunhará sobre as consequências da crise bancária regional do ano passado perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, buscando tranquilizar os legisladores e o público sobre a segurança do sistema bancário, ao mesmo tempo que alerta para os riscos atuais.
Apesar da situação preocupante, Powell destaca que a crise atual não parece ter os mesmos ingredientes das crises passadas, como a crise financeira global. No entanto, o desafio persistirá e exigirá esforços contínuos para minimizar os impactos no sistema financeiro.
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