“Amigos, não consultem os relógios… Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida – a verdadeira – em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira.” – Mario Quintana
Inspirando-se nas palavras do poeta Mario Quintana, podemos afirmar que, assim como um momento de poesia, um gole de vinho pode encapsular o tempo e suas histórias. Cada gole possui uma narrativa própria, remetendo a safra, ao clima e ao momento em que as uvas foram colhidas.
O tempo é um tema que permeia a filosofia, a religião e a ciência, contudo, sua definição precisa continua evasiva. Para mim, uma das visões mais fascinantes sobre a passagem do tempo vem do livro Sonhos de Einstein, de Alan Lightman. Nesta obra, o tempo é explorado sob diversas perspectivas, refletindo sobre a angústia humana diante de sua transitoriedade.
Na efeméride de meu aniversário, o conceito do tempo se torna ainda mais presente. Olhando uma fotografia antiga, percebo que a passagem do tempo não se reflete em meu eu interno, mas sim na imagem que envelheceu ao longo dos anos, como no clássico “O Retrato de Dorian Gray”.
A sensação de não envelhecer é apoiada por filósofos como McTaggart, que afirmam que o tempo é uma ilusão, e Bergson, que o vê como uma experiência subjetiva. O tempo é, de fato, uma construção humana, repleta de nuances.
O Tempo do Ser Humano e o Tempo do Vinho
A vida contemporânea é marcada pela multiplicidade de funções e papéis que desempenhamos. Assim como uma adega lotada, cada um de nossos projetos vive seu próprio ritmo. Um vinho Beaujolais de 2008 pode sentir os efeitos do tempo de forma muito diferente de um Porto Vintage 2000, que ainda dá seus primeiros passos.
Os antigos gregos representavam o tempo através de duas divindades: Kronos, o tempo cronológico, e Kairos, o tempo certo. Enquanto Kronos é marcado por relógios e ampulhetas, Kairos é sobre saber quando agir, um conceito também revisitado na teologia. O vinho ilustra essa ideia em sua colheita, que não pode ser apressada ou atrasada, mas deve ocorrer no momento exato.
Por que a Safra é Importante?
Entender a safra de um vinho é essencial. Um Château Latour 1990 pode custar muito mais que sua versão de 1991, não apenas por ser mais valioso economicamente, mas porque a qualidade da safra é um fator determinante. Assim como na vida humana, o tempo é qualitativo, não apenas quantitativo.
As variáveis naturais influenciam diretamente a qualidade das uvas, que varia a cada ano. Fenômenos climáticos podem alterar o que seria uma safra de excelência para uma safra medíocre. Para avaliar a qualidade de uma safra, é prudente consultar especialistas que têm a experiência e sensibilidade para discernir as nuances de cada ano.
Mais Velho, Melhor?
O ditado “quanto mais velho, melhor” não é uma verdade universal quando falamos de vinhos. Todo vinho passa por um ciclo: cresce, atinge o pico e, eventualmente, decai. A “melhora” pode ser subjetiva, muito dependente das preferências pessoais. Enquanto alguns apreciadores preferem vinhos no auge de sua evolução, outros podem abrir garrafas muito antes de seu tempo.
O Que Torna um Vinho de Guarda Especial?
Os vinhos de guarda são aqueles que se prestam ao envelhecimento, oferecendo complexidade e harmonização ao longo dos anos. A acidez natural, os taninos e a doçura são fatores que contribuem para a longevidade do vinho. É crucial entender que a acidez é o destaque quando se fala em envelhecimento, definindo se um vinho resistirá ao tempo.
Um Menu do Tempo
Ao escolher vinhos em um restaurante, podemos enxergá-los como um verdadeiro “menu do tempo”. Cada garrafa traz à tona memórias de diferentes épocas. Ao experimentar um vinho tinto de 1990, por exemplo, não apenas saboreamos uma bebida, mas viajamos no tempo.
A Magia da Velha Garrafa
A tradição de guardar garrafas de safras passadas, para serem abertas e apreciadas por gerações futuras, revela a verdadeira magia do vinho. Cada garrafa é um testemunho de um período específico, uma mensagem entre gerações, e carrega consigo o amor e a dedicação do viticultor que, em muitos casos, não está mais presente.
Paciência e Apreciação
Segundo o budismo japonês, existem duas formas de passagem do tempo: nin, um dia de paz e alegria, e ten, a experiência extraordinária do amor. O vinho ensina a importância da paciência e apreciação do momento certo, reforçando a ideia de que o que realmente conta não é apenas a quantidade de tempo, mas sim a qualidade dos momentos vividos.
No final das contas, o vinho nos lembra que a vida, assim como o vinho, deve ser saboreada com calma e atenção, permitindo-nos aproveitar cada gota de experiências que compõem nossa própria história no tempo.
Leia a matéria na íntegra em: Veja Rio
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