O novo perfil de compradores de imóveis em São Paulo

Fugindo do estereótipo de “Faria Lima” e da elite tradicional da capital, os novos compradores de apartamentos de alto padrão em São Paulo vêm de diversas partes do país. De acordo com a pesquisa realizada pela Imóveis de Valor, incorporadoras têm notado que, em alguns casos, essa clientela externa corresponde a mais da metade das vendas.

O interesse principal por parte desses novos compradores se divide entre a busca por um ponto de apoio na cidade, seja para lazer, trabalho ou estudo, e a intenção de investir em um mercado imobiliário robusto. Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty, explica que muitos vêm de regiões como Sul, Centro-Oeste e estados adjacentes ao Sudeste. “Esse fluxo de compradores de fora tem sido fundamental para o desempenho das incorporadoras em São Paulo”, afirma Romero, destacando estratégias de marketing direcionadas a essas áreas.

Este novo perfil de investidor está especialmente interessado em imóveis compactos, com até 80 metros quadrados, situados em bairros badalados como Itaim, Jardins, Vila Olímpia e Vila Nova Conceição. “A busca por diversificação de portfólio e a expectativa de valorização fazem parte do que atrai esses interessados”, analisa Romero.

A tendência é observada no projeto PJM Simple Living, da Marquise Incorporações, localizado nos Jardins. Nesse empreendimento, 55% dos compradores são originários de outros estados. Com um design moderno, assinado pela aflalo/gasperini arquitetos e decoração de João Armentano, o sucesso de vendas é emblemático.

Foto: PLAENGE/DIVULGAÇÃO

Andrea Oliveira, diretora executiva de Incorporação da Marquise, reforça que esse índice de compradores externos demonstra uma nova visão do mercado. “Os Jardins representam um estilo de vida sofisticado, e esses investidores buscam ativos líquidos que combinam design e infraestrutura moderna”, explica.

Para aqueles que almejam um “pied-à-terre” em São Paulo, opções como o Etmo Jardins, da Plaenge Empreendimentos, têm atraído bastante atenção. “Quase metade de suas unidades, que variam entre 120 e 478 metros quadrados, já foram vendidas”, revela Fernando Motta, diretor da Unidade de Negócios da Plaenge, acrescentando que muitos compradores são de estados como Amazonas, Minas Gerais e Paraná.

Esses investidores frequentemente evitam se hospedar em hotéis, preferindo a comodidade de ter um espaço próprio. Motta destaca que “a conveniência de ter seus pertences por perto é um fator importante para esse público exigente”.

Foto: MARQUISE/DIVULGAÇÃO

O projeto PJM Simple Living, com arquitetura autoral de Jonas Birger e paisagismo de Ricardo Cardim, reflete a valorização do equilíbrio entre estética e funcionalidade. “Os clientes buscam plantas espaçosas e com flexibilidade de layout”, ressalta Motta.

No empreendimento Altitude Jardins, da REM Construtora, é possível notar uma aposta similar. A torre, projetada por um time de renomados arquitetos, aliada a serviços de hospitalidade, já conquistou 50% de seu público-alvo, mostrando que há interesse ativo por parte de clientes de diversas partes do país, incluindo João Pessoa e outros centros urbanos.

Foto: REM CONSTRUTORA/DIVULGAÇÃO

Com o objetivo de se aproximar ainda mais desse novo público, as incorporadoras têm desenvolvido estratégias comerciais inovadoras. A REM, por exemplo, está realizando “road shows” em cidades do Sul e do Centro-Oeste, e formando parcerias com imobiliárias internacionais para captar o interesse de investidores brasileiros no exterior.

A Marquise, por sua vez, tem concentrado suas ações em cidades estratégicas como Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza, com um olhar atento às oportunidades que surgem no setor.

Além disso, a procura por projetos com paisagismo ecológico tem crescido, tornando-se um diferencial competitivo. O Estúdio Musgo, por exemplo, reporta um aumento significativo na demanda por seus serviços e um crescimento expressivo em faturamento.

Enquanto isso, o Residencial George VI, em Itapema, SC, ilustra a valorização do setor, com unidades que chegou a registrar quase 200% de aumento em seu valor, destacando o potencial que o mercado imobiliário brasileiro ainda possui.