Tocando a Terra com Leveza: Como Libertar o Plano Terreno Influencia a Atmosfera Arquitetônica

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Discutindo a Atmosfera Arquitetônica: A Relação entre Espaços e o Plano do Solo

A arquitetura e suas qualidades atmosféricas têm sido objeto de discussão por muito tempo, mas alcançar um consenso sobre esse tema continua a ser uma tarefa difícil. Isso ocorre, em grande parte, porque a experiência espacial é profundamente pessoal, enraizada em emoções e percepções sensoriais que são complicadas de expressar apenas com palavras. A maneira como uma pessoa percebe e interage com um espaço adiciona uma camada a mais de complexidade, tornando desafiador definir e concordar sobre o impacto atmosférico da arquitetura. No entanto, arquitetos e designers continuam a se esforçar para moldar ambientes que sejam não apenas funcionais, mas também capazes de evocar emoções e deixar uma impressão duradoura em seus ocupantes.

Explorando o Plano do Solo: Uma Nova Perspectiva

Um tema interessante a ser explorado é o plano do solo, a superfície mais fundamental e onipresente na arquitetura. Como o tratamento do solo influencia a atmosfera em espaços privados, públicos e reflexivos? O que acontece quando as estruturas parecem flutuar acima do solo, proporcionando abrigo enquanto mantêm uma conexão espacial contínua com o exterior? Examinar essas questões nos permite repensar como a atmosfera ambiental é criada e experienciada.

Um exemplo emblemático é a Villa Savoye, de Le Corbusier, projetada para ilustrar a estratégia de elevar a arquitetura. A estrutura é sustentada por pilotis delgados, permitindo que o solo abaixo permaneça livre. Janelas em fita acentuam a leveza e a proporção, reforçando a impressão de uma construção flutuante. Mais do que um gesto estético, essa elevação molda a experiência da casa, permitindo acesso direto de carro aos espaços de estar. A Villa Savoye mostrou como a elevação dos edifícios pode criar uma nova relação entre arquitetura, movimento e paisagem.

Mudanças de Prioridade na Arquitetura Contemporânea

Nos dias atuais, as prioridades da arquitetura mudaram. Ao invés de celebrar a riqueza material e a mecanização, há uma ênfase crescente na sustentabilidade e na integração com a natureza. Um caso que ilustra essa mudança é o Blank Garden, dos Unemori Architects. Este projeto leva o conceito de plano do solo aberto adiante, não apenas estendendo o terreno em direção à casa, mas realmente redescobrindo-o. O interior da residência é deixado como solo poroso, interrompido por ladrilhos de cimento e vegetação exuberante, resgatando o contato com a natureza.

Da mesma forma, a Hiroshima Peace Center and Memorial Park, projetada por Kenzo Tange, destaca o uso do plano aberto para evocar memória e resiliência. O design dedica um vasto nível do solo, que se estende através do próprio edifício memorial, criando uma sensação de coletividade e liberdade. Essa abertura não apenas permite o fluxo de pessoas, mas também estabelece um espaço para reflexão e lembrança.

Desenhando Conexões entre Estruturas e Natureza

Outros projetos, como o Grace Farms, de SANAA, procuram criar experiências espaciais imersivas e contemplativas. A projeto é projetado para se integrar de maneira harmoniosa à topografia circundante, mantendo um plano de solo aberto que desfoca a linha entre interior e exterior. Em vez de permitir que a natureza domine completamente o espaço, os arquitetos utilizam uma superfície neutra que se assemelha a um pavimento de seixos, equilibrando resistência e harmonia com a paisagem natural.

No entanto, o Teshima Art Museum, de Ryue Nishizawa, apresenta uma abordagem inovadora ao reinterpretar o plano do solo. Aqui, a arquitetura transforma o chão em uma forma abrigadora, invertendo a continuidade do solo e reinterpretando sua presença. As aberturas estrategicamente colocadas revelam o céu e a paisagem, incentivando uma apreciação nova do mundo natural.

Conclusão

A discussão em torno do plano do solo e sua relação com a arquitetura é crucial para entender como os espaços podem ser moldados para criar experiências significativas. Compreender o impacto do tratamento do solo nos permite não apenas repensar as definições de espaço, mas também reconectar as estruturas ao ambiente. Essa abordagem reflete uma nova sensibilidade e um reexame das nossas relações com a arquitetura, a natureza e o espaço que habitamos. As interações entre o solo, as estruturas e as experiências dos visitantes podem transformar a forma como vivemos e nos relacionamos com o mundo ao nosso redor.

Leia a matéria na integra em: Archdaily

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