Privatização da Cedae: O Risco de uma Crise Hídrica Sem Precedentes
A privatização da captação e do tratamento de água no estado do Rio de Janeiro ameaça provocar uma crise hídrica sem precedentes. O alerta foi emitido por Vitor Duque, presidente do Sindicato de Saneamento do Rio de Janeiro (Sintsama), em entrevista ao Brasil de Fato. Ele se pronuncia sobre a recente possibilidade de abertura de capital da Companhia de Águas e Esgotos do Estado (Cedae).
Recentemente, a estatal lançou uma licitação para selecionar uma instituição financeira que irá “avaliar alternativas” de negócio, porém o resultado ainda não foi divulgado. Movimentos sociais e entidades defendem que a venda de ações representa uma privatização disfarcada do que ainda é considerado um serviço público.
Ato em Defesa da Cedae
No dia 15 de abril, movimentos populares e entidades convocaram um ato no centro da cidade em defesa da Cedae. “Se o governo do Estado vender o que sobrou da Cedae pública, o caos será total. A má qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias refletirá diretamente na qualidade da água e terá impacto nas tarifas, que com certeza aumentarão”, comentou Duque.
A privatização da Cedae começou em 2021 sob a administração de Cláudio Castro (PL), com apoio do então presidente Jair Bolsonaro (PL). O processo fracionou a estatal em quatro blocos, abrangendo 35 municípios do Rio de Janeiro.
As etapas de distribuição e manutenção de água foram entregues à iniciativa privada, com empresas como Iguá, Águas do Rio e Rio Mais Saneamento operando os serviços por um prazo de 35 anos. A Cedae, no entanto, manteve as funções de captação e tratamento de água.
A Qualidade da Água e o Aumento das Tarifas
Duque destaca que a qualidade da água se manteve, em grande parte, graças à continuidade dos serviços pela Cedae. Contudo, a crescente incidência de vazamentos e a falta d’água sinalizam problemas nos serviços prestados pelas empresas concessionárias que, segundo ele, focam no lucro em detrimento da qualidade.
“A Cedae, por ser uma subsidiária pública, consegue manter a produção de água a um custo baixo. As concessionárias, por sua vez, elevam o preço para cobrir suas despesas e garantir lucro. Temos observado não apenas uma queda nos serviços prestados, mas também aumentos nas tarifas e a criação de novas taxas. A privatização gerou um caos para a população do Rio de Janeiro”, enfatizou Duque.
Efeitos da Concessão
Roberto Oliveira, do Movimento Atingidos por Barragens (MAB), afirma que o governo Castro está colocando em risco a segurança hídrica do Estado ao tentar vender o que resta da Cedae em um momento crítico de crise climática, impactando diretamente o Rio de Janeiro. “Privatizar a captação e produção de água é irresponsável, sobretudo em tempos de crise climática”, destacou Oliveira.
O ato programado para o dia 15 de abril marca o início de uma série de mobilizações em defesa da água. Sintsama-RJ, MAB, a Rede Vigilância Popular em Saúde e Saneamento, entre outras entidades, estão liderando a mobilização no Rio. Estas organizações concentram esforços na conscientização sobre a importância da Cedae pública.
Aumento da Insatisfação
Vitor Duque também observou um aumento nas reclamações com relação aos serviços prestados pelas concessionárias. A insatisfação atinge várias classes sociais. “Não é apenas a população de baixa renda que reclama. Empresários e condomínios de luxo, antes favoráveis à privatização, agora se queixam dos altos custos e da falta de água, tendo que recorrer a carro-pipa em algumas situações”, concluiu.
Serviço
Grande ato em defesa da água e contra a venda da Cedae
- Data: 15 de abril (quinta-feira)
- Horário: 10h
- Local: Prédio sede da Cedae (av. Presidente Vargas, nº 2655, centro do Rio)
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