Estudos para Implantação da Linha 3 do Metrô do Rio de Janeiro Começam
A Coordenação dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ anunciou, na última terça-feira, o início dos estudos técnicos que servirão de base para a futura implantação da Linha 3 do metrô do Rio de Janeiro. Este projeto, que deverá conectar os municípios de São Gonçalo, Niterói, Itaboraí e Rio de Janeiro, teve sua criação solicitada pelo governo federal, que destinou emendas parlamentares no valor de R$ 26 milhões para o estudo, a ser liberado em três parcelas, sendo a primeira já encaminhada. O prazo para a conclusão é de 30 meses.
Objetivos do Estudo
De acordo com a Coppe, a iniciativa busca oferecer uma fundamentação técnica para decisões estratégicas relacionadas ao traçado, viabilidade econômica e impactos sociais da nova linha, prometida pelos prefeitos Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, e Rodrigo Neves, de Niterói, em caso de vitória nas disputas pelos Jogos Pan-Americanos de 2031.
Coordenação e Metodologia
O estudo é coordenado pelo professor Rômulo Orrico, do Programa de Engenharia de Transportes (PET) da Coppe. Ao falar sobre o objetivo do projeto, ele enfatizou a importância de criar um estudo técnico que se mostre eficaz:
“Levantamos oito estudos anteriores sobre itinerários, incluindo um dos anos 1960. Nosso projeto não está preso aos itinerários pensados anteriormente. Vamos analisá-los, mas a implementação não cabe a nós. O gestor terá a decisão final — destaca Orrico.
Desafios pela Frente
O professor também reconhece os desafios que o estudo enfrentará nos próximos 30 meses, especialmente devido à escassez de dados sobre mobilidade e comportamento do trânsito.
“O Brasil tem uma histórica carência de dados nesse campo. A morfologia das cidades mudou, e novos subcentros surgiram, como Duque de Caxias, que deixou de ser apenas uma cidade dormitório nos anos 1970. Essas transformações exigem novos estudos. Vamos lidar com uma cidade complexa; a ligação entre Niterói e São Gonçalo é a segunda mais importante do país em termos de deslocamentos intermunicipais, só perdendo para São Paulo e Guarulhos. Portanto, precisaremos de um projeto técnico robusto.”
Valores e Itinerários em Discussão
O coordenador evitou comentar sobre valores estimados para a obra ou itinerários que estão sendo especulados:
“Seria precipitado dar um valor agora. Acabamos de iniciar o estudo.”
Histórico do Projeto
Entre os projetos destacáveis desenvolvidos pelo PET da Coppe estão o sistema de sincronização automática de semáforos implementado no Rio na década de 1990, uma planta-piloto de hidrogênio verde inaugurada em 2023 e os estudos para a implementação do metrô de Salvador, também coordenados por Orrico.
A responsabilidade pela construção do metrô é do governo do estado, e a ideia da Linha 3 vem sendo discutida desde 1968. Em 2000, um estudo encomendado pelo BNDES já comprovou a viabilidade de um túnel subterrâneo. Na época, projetou-se que a conexão entre as estações Carioca, no Rio, e Guaxindiba, em São Gonçalo, poderia atender cerca de 750 mil passageiros por dia.
Em 2010, o Tribunal de Contas da União (TCU) incluiu na lista de obras e serviços com indícios de irregularidades a realização de estudos e levantamentos topográficos relacionados ao lote 2, entre Niterói e Guaxindiba, que somaram R$ 62,5 milhões. O resultado trouxe a suspensão da liberação de verba federal para tais obras.
Em 2013, o governo federal anunciou a liberação de recursos para a implantação da linha, que poderia ter sido concluída em 2016 e incluía a implantação de um sistema de monotrilhos com 14 estações. Em 2015, o custo do projeto foi estimado em US$ 2,57 bilhões — o que incluía um túnel sob a Baía de Guanabara conectando as duas cidades, da Estação da Carioca, no Centro do Rio, até a Estação Arariboia, em Niterói, seguindo até Guaxindiba, em São Gonçalo. O trajeto total da Linha 3 seria de aproximadamente 21 quilômetros.
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