As importadoras, lojas e restaurantes já têm certeza: não pode faltar um vinho produzido a partir da uva Primitivo em suas prateleiras. Famosa entre os brasileiros, essa variedade se destaca por seus tintos macios, fáceis de beber e com sabor marcante, mas muitos amantes do vinho desconhecem sua rica história e singularidades. Neste artigo, vamos explorar tudo que você precisa saber sobre a Primitivo, desde sua origem até suas características na viticultura e enologia.

A trajetória da Primitivo começa na Croácia, onde é conhecida como Crljenak Kaštelanski ou Tribidrag. Durante a Idade Média, essa casta foi levada por imigrantes para a Itália, onde recebeu o nome de Primitivo, uma referência ao seu amadurecimento precoce – da expressão latina "primativus" ou "primaticcio".

Atualmente, a Primitivo brilha nos campos ensolarados da Puglia, no sul da Itália. Essa região se mostrou o habitat ideal para a casta, que desenvolveu um estilo singular. Apesar de seu amadurecimento ser precoce, ele pode ser irregular, resultando em cachos com uvas maduras e outras ainda verdes, o que pode gerar vinhos herbáceos indesejados. Para evitar esse problema, é comum que os viticultores deixem as uvas no pé por mais tempo, permitindo que atinjam uma sobrematuração.

No clima quente da Puglia, a Primitivo atinge sua maturação ideal, resultando em altos níveis de açúcar nas frutas, que se transformam em concentrações elevadas de álcool nos vinhos. Esses tintos geralmente apresentam baixa acidez, taninos aveludados, corpo encorpado e, em alguns casos, um leve toque de açúcar residual natural. No olfato, as notas típicas incluem frutas negras maduras, como ameixas e cerejas escuras, além de especiarias doces, chocolate e uma sutileza de tabaco. As regiões mais renomadas para a produção de Primitivo na Itália são Primitivo di Manduria e Primitivo di Gioia del Colle, ambas da Denominação de Origem Controlada (D.O.C.) da Puglia.

A Primitivo não parou por aí; a uva também fez sua jornada para a Áustria, onde recebeu o nome de Zinfandel. A partir de 1820, mudas foram exportadas da Áustria para os Estados Unidos, onde o nome foi mantido e rapidamente se popularizou, especialmente na Califórnia. Atualmente, enquanto a Primitivo praticamente desapareceu na Áustria, o Zinfandel é uma das variedades mais queridas pelos consumidores californianos.

Na Califórnia, a casta apresenta um perfil um pouco diferente do que na Puglia. Os vinhos frutos dessa terra costumam destacar frutas vermelhas, como framboesas e morangos, mescladas com um toque picante de pimenta preta e canela. O teor alcoólico continua alto, assim como a baixa acidez, características que tornam esses vinhos bastante acessíveis ao paladar do consumidor. Entre eles, o famoso White Zinfandel, um rosado leve, herbáceo e adocicado, também conquistou seu espaço nas prateleiras.

Os melhores vinhedos de Zinfandel nos Estados Unidos estão localizados na Califórnia, principalmente nas regiões de Dry Creek, Mendocino e, em destaque, Lodi. Essa última é conhecida por suas vinhas antigas, que podem gerar vinhos de grande complexidade.

Independentemente da origem – seja como Primitivo na Itália ou Zinfandel nos Estados Unidos – esses vinhos têm se consolidado como preferidos entre os iniciantes no mundo dos tintos. Seu estilo amigável, com acidez baixa, alto teor alcoólico e taninos suaves, além de uma leve doçura, conquistam aqueles que buscam uma experiência agradável à mesa.

Em suma, a Primitivo é mais do que uma simples uva; é um símbolo de tradição vitivinícola que atravessou fronteiras e se reinventou, sempre mantendo o charme que a coloca entre as preferidas do consumidor. Seja na sua próxima refeição, em um jantar especial ou mesmo na rotina do dia a dia, um bom vinho Primitivo certamente fará sua experiência ainda mais saborosa.

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