Tarifas do Metrô e Trem do Rio: Expectativa de Redução e Desafios à Vista
No muro que cerca a sede do MetrôRio, na Avenida Presidente Vargas, no Centro, uma pichação destaca um descontentamento notável: “R$ 7,90. Tá caro”. Os valores das tarifas de trem e metrô têm gerado insatisfação entre os usuários, que também enfrentam superlotação e uma queda na qualidade dos serviços prestados. Mesmo diante de um orçamento deficitário de R$ 14,6 bilhões este ano, o estado sinaliza a possibilidade de reduzir as tarifas de R$ 7,60 para R$ 4,70, seguindo o exemplo das barcas, que já implementaram essa diminuição em março.
O secretário estadual de Transportes, Washington Reis, projeta que a redução das tarifas poderia aumentar em 500 mil o número de passageiros diários nos transportes sobre trilhos, elevando os usuários do metrô de 650 mil para 900 mil, e dos trens de 358 mil para 600 mil.
Custos e Recursos
Reis explica que essa medida traria um custo para os cofres públicos de R$ 300 milhões neste ano e R$ 500 milhões em 2026, com os recursos sendo provenientes do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (FECP). A aplicação do projeto, no entanto, depende da assinatura de um decreto pelo governador Cláudio Castro (PL). A data da implementação, contudo, ainda não está definida.
“É pouco dinheiro diante do benefício. Mais pessoas serão atraídas para o sistema de alta capacidade, e isso ajuda a tirar carros das ruas”, argumenta o secretário.
Desafios Orçamentários
Em 2023, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou a reestruturação do FECP, ampliando suas aplicações. O fundo, que já é usado para custear o Bilhete Único Intermunicipal, possui cerca de R$ 5 bilhões disponíveis, segundo Reis.
Por outro lado, especialistas apontam para desafios relacionados à proposta. O deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSD), vice-presidente da Comissão de Tributação, Controle de Arrecadação Estadual e Fiscalização dos Tributos Estaduais, alerta que o déficit orçamentário previsto para este ano é um complicador.
“Pode ser que diminua o rombo, mas o estado ainda vai fechar com mais de R$ 5 bilhões no vermelho”, ressalta.
Modelo de Concessão e Operação
Luiz Paulo está acompanhando as discussões sobre a nova modelagem do sistema de trens do Rio, já que a SuperVia deverá devolver a concessão entre julho e setembro por um acordo judicial. O governo tem a intenção de adotar um modelo similar ao das barcas, onde a operação ficaria em licitação, com o estado responsável pela bilhetagem e pelos investimentos.
“Em tese, o operador dos trens deve ser remunerado por quilômetro transportado de passageiro. Com o estado controlando a bilhetagem, a tarifa poderá ser ajustada conforme necessário. Isso facilitaria a redução do preço do trem”, explica o deputado.
Questões Tarifárias e Sustentabilidade
No que diz respeito ao metrô, que opera sob concessão, a necessidade de subsídios complica a redução de preços. O deputado sugere que, além dos recursos do FECP, o governo também considere o uso do fundo de transportes.
“Acredito que mesmo que o Rio não tenha aderido ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) e esteja em Regime de Recuperação Fiscal, o Conselho de Supervisão não se oporia ao subsídio”, aponta Luiz Paulo.
Por sua vez, o economista André Luiz Marques, especialista em contas públicas, adverte que “não existe almoço grátis”. “Quando você reduz um custo, a necessidade de subsídio aumenta, pressionando ainda mais o orçamento do estado”, reflete.
Qualidade do Transporte Público
Marcus Quintela, diretor da FGV Transportes, destaca que o transporte sobre trilhos no Rio segue defasado em relação a outras cidades brasileiras. “O MetrôRio é a única concessão no país que ainda vive apenas da tarifa, sem subsídios do estado”, menciona. Como resultado, as tarifas praticadas são as mais altas do Brasil em comparação aos sistemas de metrô de outras cidades que recebem subsídios.
A realidade da qualidade dos serviços prestados é palpável para os passageiros. Uma recente pesquisa da FGV Transportes mostra que a qualidade do serviço, a integração dos transportes e o valor das passagens estão entre as principais queixas dos usuários. Aproximadamente 40% dos consumidores consideram a mobilidade urbana no Rio como ruim ou péssima, com uma nota média de 4,6 em uma escala de 0 a 10 — a menor entre as cidades analisadas.
“Pagar R$ 7,60 para andar apertada no ramal Japeri, que está caindo aos pedaços, é um absurdo”, reclama Marina Alves, moradora da Baixada Fluminense.
Quintela também comenta que, além da questão tarifária, a operação do sistema deve ser aprimorada para evitar a superlotação. “Com a redução da tarifa, a demanda pode aumentar. É essencial ofertar mais transporte, diminuindo o tempo de espera e oferecendo melhores condições aos usuários para que não haja caos no sistema”, adverte.
Como parte das soluções propostas, o secretário de Transportes confirma que novas composições para o sistema sobre trilhos estão sendo adquiridas: são 40 trens e 10 para o metrô.
O MetrôRio enfatiza a necessidade de políticas públicas que permitam a redução das tarifas para aumentar a acessibilidade. A empresa ressalta que, diferentemente de sistemas em outros estados e países, no Rio os cidadãos pagam a tarifa técnica integral, uma vez que ainda não há subsídio para o transporte sobre trilhos. Atualmente, apenas pessoas com renda mensal inferior a R$ 3,2 mil podem acessar a tarifa social de R$ 5.
Resultados em Niterói
Em Niterói, onde a prefeitura subsidia a tarifa das barcas desde março, o aumento de passageiros no transporte aquaviário tem gerado impactos positivos no trânsito. Uma análise do Centro de Controle de Operações revela que, entre março e abril, cerca de seis mil veículos deixaram de circular, evidenciando a eficácia da medida que pretende reduzir os congestionamentos.
Recentemente, a tarifa da linha de Charitas foi reduzida de R$ 21 para R$ 7,70, enquanto os passageiros das barcas das linhas Arariboia, Cocotá e Paquetá viram o valor cair de R$ 7,70 para R$ 4,70. Em um dia de alta demanda, a Barcas Rio registrou um aumento de 18% no número de passageiros, evidenciando o potencial que tarifas mais acessíveis têm para transformar a mobilidade urbana.
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