O Céu Estrelado da Arábia Saudita: Um Refúgio para os Amantes das Estrelas
A fotógrafa e guia de viagens barenita Sara Sami, de 38 anos, guarda na memória sua primeira experiência mágica com as estrelas. Em meio à busca de novos roteiros turísticos na Arábia Saudita, ela se deparou com um cenário impressionante: a “Borda do Mundo”, um colossal penhasco à beira do deserto. “Era um manto de estrelas sobre nós. Parecia infinito, milhares brilhando no céu. Foi maravilhoso”, recorda.
Desde esse momento, a Arábia Saudita tornou-se seu destino favorito para a observação de estrelas. Partindo do Bahrein, uma ilha no Golfo Pérsico conectada à Arábia Saudita por uma ponte de 24 quilômetros, ela tem cruzado o deserto saudita diversas vezes, em busca de locais remotos, longe da poluição luminosa das cidades. “Encontrei um lugar a apenas quatro horas do Bahrein, no meio do deserto. Há uma vila abandonada com casas em ruínas — um pouco assustador, mas com um céu incrível”, relata Sami.
A Arábia Saudita e Seu Céu Sem Igual
Sara não é a única a notar a beleza do céu saudita. Em novembro de 2022, as reservas naturais de AlUla Manara e AlGharamee, próximas à cidade-oásis de AlUla, receberam a certificação de primeiros “Parques de Céu Escuro” do Oriente Médio pela organização DarkSky International. Com isso, a Arábia Saudita passou a integrar um seleto grupo de apenas 22 países que se destacam na preservação da escuridão natural do céu, ao lado de nações como Estados Unidos, Nova Zelândia e Alemanha.
“Os céus noturnos de AlUla sempre deixaram os visitantes maravilhados”, afirma Gary Fildes, gerente sênior do observatório de AlUla Manara, um centro de pesquisa científica e turismo criado no ano passado. Para garantir a qualidade da observação das estrelas, a reserva de 2.334 km² adota medidas, como o uso de iluminação direcionada para baixo, evitando a dispersão da luz. A equipe está desenvolvendo um guia de iluminação para a região, garantindo que tanto moradores quanto turistas possam desfrutar do espetáculo do céu noturno por muitos anos.
Ascensão do Turismo Astronômico
O astroturismo tem emergido como uma vertente sustentável e promissora do turismo global. Nos Estados Unidos, por exemplo, estudos mostram que turistas interessados em astronomia geram bilhões de dólares em receitas. Países como Índia e Austrália também têm registrado um aumento no número de visitantes atraídos por eventos celestes, como eclipses solares.
A DarkSky International classifica as áreas de preservação da escuridão em cinco categorias, levando em conta distâncias de grandes centros urbanos e políticas de proteção contra a poluição luminosa. “Esses locais oferecem uma visão clara da Via Láctea e são verdadeiros refúgios para quem quer se reconectar com o céu”, explica Dan Oakley, presidente do Comitê de Lugares de Céu Escuro da organização.
Em AlUla, atividades como excursões guiadas para a observação de estrelas estão se tornando populares. Além de seu aspecto científico e contemplativo, os passeios resgatam tradições culturais, incluindo mitos e histórias antigas sobre o céu. A relação dos povos árabes com as estrelas remonta aos tempos dos Nabateus e dos beduínos, que usavam os astros para navegação e rituais religiosos.
Protegendo o Céu Noturno
Os esforços sauditas para preservar o céu estrelado se estendem além de AlUla. O país planeja transformar seu megaprojeto turístico na região do Mar Vermelho, equivalente ao tamanho da Bélgica, na maior Reserva de Céu Escuro do Oriente Médio. A empresa encarregada do desenvolvimento, a Red Sea Global, está adotando soluções inovadoras para minimizar a poluição luminosa, como lâmpadas com proteção contra dispersão de luz e um sistema de iluminação de tonalidade quente, integrado a sistemas de energia renovável.
“Preservar a escuridão natural é essencial tanto para as pessoas quanto para o meio ambiente”, afirma Andrew Bates, diretor associado de iluminação da Red Sea Global. O primeiro resort do projeto, Six Senses Southern Dunes, já obteve a certificação de céu escuro. Essa iniciativa também abraça a tradição islâmica da astronomia, ressaltando a importância dos astros na navegação e no calendário lunar.
Entretanto, o próprio sucesso do astroturismo pode trazer desafios. O aumento do fluxo de turistas pode elevar a poluição luminosa, um problema que já afeta cerca de 80% da população mundial. A iluminação artificial descontrolada prejudica não apenas a visibilidade do céu, mas também interfere nos ecossistemas, impactando a migração de aves, a reprodução de tartarugas marinhas e o comportamento de predadores noturnos.
Para evitar esses problemas, a Red Sea Global planeja limitar o número de visitantes a um milhão por ano e implementar medidas sustentáveis em seus resorts. Com uma baixa densidade populacional de apenas 15 habitantes por km², a Arábia Saudita possui uma vantagem natural para a preservação da escuridão, e isso é um dos motivos que fazem Sara Sami retornar sempre. “Mesmo fora das reservas naturais, é fácil encontrar lugares isolados, sem luzes por perto”, diz ela. “No deserto, a Arábia Saudita guarda suas maravilhas — e um céu de tirar o fôlego.”
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