Conflito na Travessa Lagoinha: Moradores Enfrentam Dilema Entre Revitalização e Despejo
Na Travessa Lagoinha, uma rua da Boa Vista em Fortaleza, moradores estão em meio a um impasse com o Governo do Estado que promete transformar radicalmente sua realidade. A área, que abriga casas à margem do rio Cocó, é alvo de um projeto de revitalização que implica a demolição de 366 residências, alegadamente por conta dos riscos de enchentes. Dentre essas, já 278 foram eliminadas, mas o futuro dos que permanecem na localidade está longe de ser resolvido.
A implementação das obras está sob a responsabilidade da Secretaria das Cidades (SCidades), que propõe indenizações baseadas em avaliações de engenheiros. Contudo, para os moradores, os valores oferecidos para a compensação são insuficientes para garantir a aquisição de novos lares. A insatisfação é palpável, especialmente entre aqueles que, há anos, construíram suas vidas ali.
Celina Matos, uma das moradoras mais antigas, expressa sua angústia: “Minha casa é comprometida, está interditada. Mas para onde eu vou? Para a rua? O valor que me ofereceram é irrisório.” Apesar da proposta de R$ 80 mil para sua residência de dois andares, ela teme não conseguir encontrar um imóvel viável com esse montante. Assim, muitos, como Celina, preferem resistir, temendo que a indenização não seja suficiente para uma mudança segura.
A situação vai além da questão financeira; o estresse gerado pela incerteza tem implicado em problemas de saúde para muitos, incluindo Celina, que teve que realocar sua mãe para outra cidade devido à pressão emocional. “As chuvas estão se aproximando e a cada dia é uma angústia”, desabafa.
Maria Algediva, conhecida como Norma, também vive um dilema semelhante. Após 40 anos em sua casa, a aposentada se vê frente a uma proposta que considera insuficiente e que não reflete o investimento que fez na propriedade. Para ela, a quantia de R$ 100 mil não é uma compensação justa pelo que construiu ao lado do falecido esposo e pelo desgaste emocional enfrentado.
Entretanto, a desconfiança em relação à oferta de valores é uma constante entre os moradores. Tereza Nogueira, de 74 anos, clama por justiça nas negociações e relata variações significativas nas propostas, dependendo de quem analisa cada caso. “Foi me oferecido R$ 45 mil em uma visita; na terceira me disseram R$ 95 mil. Como posso conseguir uma casa com esses valores?”, questiona a moradora, que está há 43 anos na comunidade.
A disparidade nos valores apresentados gera desconforto e desconfiança. Aparecida Oliveira, que reside na Travessa há duas décadas, é outra cidadã preocupada. Embora tenha recebido a proposta mais alta entre as analisadas, ainda assim, a ela parece insuficiente para garantir a compra de um novo lar.
Procurada para um posicionamento, a SCidades defende a intervenção na Travessa Lagoinha como um passo necessário para a preservação ambiental e para garantir segurança à população. Segundo a coordenadora de Revitalização de Áreas Degradadas e Drenagem da Região Metropolitana de Fortaleza, Lana Aguiar, as residências estão em área de preservação, onde foram construídas de forma irregular, e precisam ser removidas para assegurar a melhoria nas condições do rio e dos cidadãos.
Lana destaca que as avaliações de valor são feitas com base em critérios técnicos e que a equipe está disposta a revisar os laudos onde necessário. “Fazemos nosso melhor para rever os valores conforme as necessidades apontadas, mas isso deve passar por critérios técnicos”, assegura.
No entanto, ela é clara ao afirmar que, se os termos acordados não forem aceitos pelas famílias, as negociações poderão ser judicializadas, o que tornaria ainda mais complicado o desenrolar da situação.
Enquanto isso, os moradores da Travessa Lagoinha seguem em um limbo de incertezas, lutando para garantir o que julgam ser um direito à moradia digna e justa, enquanto o futuro de seus lares paira sobre as águas do rio Cocó. A promessa de revitalização traz consigo uma realidade difícil para aqueles que chamam este lugar de lar. Com a proximidade da nova temporada de chuvas, a pressa por uma solução se torna ainda mais urgente, mas o caminho para a resolução do impasse parece mais distante do que nunca.
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