Retratos do Cotidiano: A Perspectiva de Bruno Itan sobre as Favelas Cariocas
No coração do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, o fotógrafo Bruno Itan captura não apenas imagens, mas histórias e nuances que muitas vezes ficam à sombra do estigma que rodeia as favelas cariocas. Em suas fotografias, ele revela uma realidade que vai muito além da violência e das operações policiais, buscando mostrar a beleza e a força da comunidade que vive ali.
Bruno, um morador do Complexo, expressa seu descontentamento com as estratégias de segurança pública que, segundo ele, não trazem soluções tangíveis. “A gente como morador fica desacreditado vendo essas operações que não resolvem nada", comenta ele, referindo-se ao que considera um ciclo vicioso de terror e resistência. Para Bruno, essas ações parecem mais uma forma de manter a população sob controle do que um verdadeiro esforço para melhorar as condições de vida nas favelas.
Em momentos de calmaria, quando não há tiroteios e conflitos, Bruno se dedica a registrar o cotidiano das crianças brincando, as cores vibrantes das paisagens e a vida pulsante da comunidade. “Muita gente, inclusive quem mora na favela, não vê a beleza daqui. Eu tento retratar e mostrar essa beleza que existe, porque se não formos nós daqui de dentro mostrar, não vai ser ninguém de fora”, afirma.
Em uma de suas entrevistas, Bruno ressalta a dualidade de seu trabalho: embora se concentre em retratar o lado positivo da favela, ele não hesita em capturar a presença das forças policiais e os estragos deixados após as operações. “As estratégias de segurança pública do Rio estão mais ineficazes e truculentas. O poderio armado de um lado e do outro está cada vez maior. E quem sente o peso da ponta do fuzil são sempre os moradores de favelas”, explica ele.
Assim, sua luta vai além da fotografia. Bruno se empenha em alterar a narrativa predominante que, segundo ele, frequentemente ignora a vivência e a cultura dos moradores. Ele critica a abordagem de muitos jornalistas que visitam as favelas, sugerindo que muitos buscam apenas uma visão negativa, em vez de destacar a potência da comunidade.
“Se a gente não mostrar outra narrativa, sempre vai ser a narrativa da grande mídia", observa. Ele acredita que é fundamental oferecer uma representação mais fiel e positiva das favelas, uma perspectiva que é particularmente necessária em tempos de crescente violência e desconfiança em relação às autoridades.
Bruno também compartilha parte de seu conhecimento fotográfico com outros moradores, promovendo um projeto chamado “Olhar Complexo”. Por meio de saídas fotográficas e intercâmbios, ele busca inspirar uma nova geração de fotógrafos a explorar e documentar suas próprias realidades. “Muita gente não tem câmera, mas usa o celular", destaca, referindo-se à democratização da fotografia entre os moradores.
Seu mais recente trabalho, um livro intitulado “Olhar Complexo”, simboliza seus 15 anos de trajetória no fotojornalismo. A obra reúne desde imagens de operações policiais até retratos de moradores, cenas do cotidiano e a beleza do ambiente. “Imagina daqui a 50, 100 anos, as pessoas vendo as minhas fotos. Tudo vai passar, as únicas coisas que vão ficar para sempre são as fotografias”, reflete.
O impacto emocional de capturar uma realidade tão dura também não escapa à percepção de Bruno. Ele admite que existe um “peso enorme” ao retratar situações de violência e injustiça, especialmente quando é um dos próprios moradores a documentar esses eventos. Apesar dos riscos, ele persiste em seu trabalho, movido pela responsabilidade de contar as histórias das pessoas ao seu redor.
“Quando eu saio para fotografar operações policiais, sei que é um trabalho muito perigoso, mas também é muito necessário. E é difícil retratar essa realidade”, confessa. Para Bruno, cada fotografia é não apenas uma imagem, mas uma maneira de eternizar emoções e histórias que merecem ser contadas.
Em um mundo onde a narrativa frequentemente é controlada por forças externas, o trabalho de Bruno Itan se destaca como uma poderosa ferramenta de resistência e transformação. Ele não apenas documenta a realidade das favelas, mas também celebra a vida e as esperanças de uma comunidade que, muitas vezes, é vista apenas através da lente do preconceito e da violência.
Ao olhar para o futuro, Bruno continua a busca por uma representação mais justa e completa da vida nas favelas, um retrato que revela suas nuances e belezas, enquanto se resiste à simplificação cruel que frequentemente acompanha a cobertura midiática.
Leia a matéria na íntegra em: www.brasildefatorj.com.br
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