Maria de Fátima Poderia Vender a Casa Sem a Permissão da Mãe? Especialistas Analisam os Aspectos Legais!

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A Novela Vale Tudo e a Realidade do Mercado Imobiliário

O recente retorno da novela Vale Tudo, um verdadeiro ícone da teledramaturgia nacional, trouxe à tona uma discussão pertinente nos tribunais brasileiros: a venda de imóveis por pessoas sem legitimidade ou autorização. Na trama, a personagem Maria de Fátima (Bella Campos) aliena a casa da família sem o consentimento da mãe, Raquel (Taís Araújo), que é a efetiva proprietária. Apesar de ser uma situação fictícia, ela reflete de forma acurada as complexidades jurídicas que permeiam tais transações, envolvendo aspectos cíveis e até criminais.

De acordo com Raphael Medeiros Adada, advogado especializado em Direito Imobiliário, “quando alguém vende um imóvel sem ser o legítimo proprietário, ou sem a devida autorização para representar o proprietário, isso pode resultar na nulidade absoluta do negócio, conforme o Código Civil, além da responsabilidade penal. Isso se agrava em casos de falsificação de documentos ou uso de procurações inválidas, que podem levar a penalidades severas de um a cinco anos de reclusão, além de multas.”

Aspectos Cruciais na Aquisição de Imóveis

Para quem deseja adquirir um imóvel, há cinco pontos imprescindíveis a serem considerados, com atenção tanto às implicações civis quanto penais:

1. Verificação da Titularidade e Poderes de Representação

A matrícula atualizada do imóvel, obtida no Cartório de Registro de Imóveis, é o documento que legitima a propriedade. Se a pessoa que se apresenta como vendedora não for a proprietária, é necessário apresentar um instrumento de mandato (procuração) que confirme a capacidade de venda, devidamente registrado em cartório. A venda por alguém sem poder para tanto resulta na nulidade do contrato, conforme os artigos 166, I e IV do Código Civil. Além disso, a utilização de documentos falsos pode acarretar a prática de falsidade ideológica ou uso de documento falso, ambos crimes puníveis segundo o Código Penal.

2. Análise de Ônus Reais e Ações Judiciais

Imóveis podem estar sujeitos a gravames, como penhoras e hipotecas, que dificultam ou proíbem a venda. Negociar um imóvel com tais restrições sem informar o comprador pode levar à nulidade do contrato e a indenizações por danos. “Na esfera penal, ocultar tais pendências pode configurar estelionato, especialmente se houver vantagem indevida,” explica Vinicios Cardozo, advogado criminalista. Também é crucial estar atento a ações em andamento, como disputas de herança, que podem comprometer a segurança da transação.

3. Regularidade Documental do Vendedor e Prevenção à Fraude

Antes de concretizar a venda, é essencial obter certidões cíveis, fiscais e trabalhistas em nome do vendedor. No caso de pessoas jurídicas, deve-se validar a regularidade da empresa, a legitimidade do representante e a inexistência de dívidas que possam impactar o patrimônio, incluindo o imóvel à venda. Ignorar esses cuidados pode resultar em evicção, ou seja, a perda do imóvel por decisão judicial, obrigando o vendedor a restituir o pagamento e indenizar perdas (artigos 447 e 450 do Código Civil). Em casos de má-fé, o vendedor pode ser responsabilizado por crimes contra o patrimônio.

4. Conferência da Posse e Ocupação do Imóvel

A análise da posse é igualmente crucial. Imóveis ocupados podem estar em contratos de locação ou sob litígios. Recomenda-se vistoriar o local e identificar os ocupantes. A venda de um imóvel cuja posse é contestada pode resultar em ações judiciais e comprometer o uso do bem pelo comprador. Em situações em que o vendedor oculta essas disputas, pode haver a configuração de dolo contratual e até práticas criminosas.

5. Cuidados na Formalização do Negócio e Prevenção a Golpes

Todo negócio deve ser formalizado através de escritura pública e registrado no Cartório de Registro de Imóveis para garantir a transferência do imóvel. Negociações realizadas de maneira informal ou por intermediários não autorizados aumentam os riscos de práticas fraudulentas. Evite pagamentos em dinheiro vivo ou contratos mal elaborados. Contar com assessoria jurídica qualificada pode ajudar a revisar documentos e alertar para riscos. Em fraudes mais elaboradas, pode ocorrer o “golpe do imóvel sem dono”, onde propriedades são vendidas com documentação falsificada.

A Relevância da Prevenção

O enredo de Vale Tudo prega uma lição importante sobre a cautela necessária ao navegar pelo mercado imobiliário. O conjunto de medidas preventivas, a diligência documental e a análise de riscos são fundamentais para garantir uma aquisição segura. Quando se trata de patrimônio, é sempre melhor prevenir do que remediar.

Leia a matéria na integra em: www.acordacidade.com.br

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