Itajaí enfrenta déficit de 15 mil moradias e busca colaborações para apoiar trabalhadores

Emprego em Alta e Desafios Habitacionais em Itajaí

Itajaí, um dos centros econômicos que mais cresce em Santa Catarina, enfrenta um dilema significativo: enquanto a criação de empregos se intensifica, a oferta de moradia para trabalhadores escasseia. A cidade enfrenta uma carência habitacional de 15 mil casas, uma situação que se agrava à medida que cerca de 10 mil empregos são gerados anualmente e mil novos habitantes chegam mensalmente.

Recentemente, empresários, representantes comunitários e autoridades municipais se reuniram na Associação Empresarial de Itajaí (ACII) para discutir o problema. Durante a reunião, foram apresentadas propostas de parcerias com a iniciativa privada, com o objetivo de aumentar a oferta de moradias acessíveis e qualificar a força de trabalho local.

A Importância da Infraestrutura Habitacional

João Paulo Kowalsky, secretário de Urbanismo e Habitação, enfatizou a urgência de investimentos em infraestrutura habitacional. “A cidade cresce muito rapidamente. Diariamente, há uma demanda por cerca de 34 novas casas para acomodar os novos moradores”, afirmou Kowalsky.

Embora a demanda por aproximadamente cinco mil novas moradias anuais seja clara, o mercado enfrenta obstáculos, como a alta valorização dos terrenos e a burocracia que dificulta a liberação de loteamentos. Atualmente, dez loteamentos estão sob análise, com a perspectiva de criar quatro mil novos lotes em áreas como Santa Regina e Itaipava.

Iniciativas para Aliviar o Déficit Habitacional

Entre os esforços para minimizar o déficit habitacional, destaca-se o projeto do residencial Tibério Testoni, que prevê a construção de mais de 370 unidades habitacionais por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, no bairro Cordeiros. Adicionalmente, novas frentes habitacionais estão em desenvolvimento na Cidade Nova, com a projeção de mais 120 moradias.

A primeira fase do conjunto Tibério Testoni 2 planeja a entrega de 176 moradias em um ano e meio, com obras já iniciadas. O projeto do Tibério Testoni 1, que conta com mais 200 apartamentos, já foi aprovado pela Caixa e está em fase de trâmites burocráticos, com previsão para início das obras em 2026.

A prefeitura também estuda um “choque de oferta de terra” para facilitar licenciamentos e incentivar construções, especialmente na faixa 2 do programa Minha Casa, Minha Vida, que abrange imóveis até R$ 350 mil. A valorização imobiliária em Itajaí é uma preocupação, uma vez que a pesquisa FipeZap revelou que a cidade ocupa a quarta posição no ranking do metro quadrado mais caro do Brasil, com um valor médio de R$ 12.420.

Qualificação Profissional em Destaque

Gabriela Kelm, secretária de Desenvolvimento Econômico, apresentou uma visão abrangente sobre as ações do município voltadas à qualificação profissional e geração de empregos. Entre essas ações estão feirões de emprego e programas de capacitação, que já disponibilizaram bolsas de estudo para mais de 50 estudantes no primeiro semestre deste ano, em colaboração com o Sistema S.

Os cursos oferecidos atendem à demanda da indústria local e abrangem áreas como soldagem, pintura naval e operação de empilhadeiras. No entanto, Gabriela sublinha a importância de garantir que os trabalhadores residam próximos a seus locais de trabalho. “A mobilidade é um desafio significativo, especialmente para quem precisa atravessar a BR 101 de bicicleta ou moto elétrica”, observou.

Com um panorama otimista, o Balcão de Empregos oferece mais de 1.600 oportunidades nas áreas administrativas, comércio, serviços e indústria. No último mês, aproximadamente 300 contratações foram efetivadas através desse programa, além de outras 200 vagas disponíveis no Sine. Itajaí registrou um saldo positivo de 3.213 empregos e a abertura de cerca de 10 mil empresas em um ano.

Vila Empreendedora: Um Projeto Inovador

Durante a reunião, foi discutido o projeto Vila Empreendedora, que contempla a construção de 400 moradias com aluguel subsidiado, entre R$ 800 e R$ 900, destinadas exclusivamente a trabalhadores de empresas em Itajaí. A proposta será realizada por meio de uma parceria público-privada (PPP).

Conforme Gabriela, essa iniciativa é uma confluência entre habitação, qualificação profissional e infraestrutura urbana. “Não basta apenas fornecer casas; a vila incluirá comércio local, creche, escola e áreas de lazer — tudo o que os trabalhadores e suas famílias necessitam. Caso alguém perca o emprego, também perde o direito à moradia local”, explicou.

Regularização Fundiária Acelerada

A regularização fundiária é outro aspecto crucial na resolução do déficit habitacional. O município conta com quatro mil lotes prontos para legalização e, até julho, quase 100 escrituras foram entregues por meio dos programas Reurb e Lar Legal. A meta é alcançar duas mil até 2028.

A prefeitura também tem como foco projetos habitacionais em áreas que, historicamente, apresentaram problemas sociais, como a demolição de um prédio abandonado no bairro São Vicente, previsto para ser revitalizado para moradias ou obras públicas como escolas.

As parcerias com a iniciativa privada são consideradas vitais para superar os desafios de habitação e mobilidade e garantir o desenvolvimento sustentável da cidade. Como destacou Thaisa Nascimento Corrêa, presidente da ACII, “o diálogo entre empresários e gestores públicos é fundamental para que o crescimento de Itajaí beneficie todos os que vivem e trabalham aqui”.