Furto de Herança Histórica: Família de Ex-Presidente Brasileiro Luta para Recuperar Objetos Raros

A família de João Batista de Oliveira Figueiredo, o último presidente do Brasil durante o regime militar, enfrenta um triste desafio: recuperar diversos itens históricos, muitos deles raros, que foram furtados de sua propriedade, o Sítio do Dragão, localizado em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Entre os objetos levados estão espadins, medalhas, troféus, móveis e até um pedalinho. Segundo a Polícia Civil, o ex-caseiro do local confessou o crime, revelando que vendeu algumas peças, incluindo um tapete persa, para vizinhos.

O Museu do Ex-Presidente

A propriedade em Nogueira não é apenas um local de descanso, mas abriga um museu particular que preserva a história do ex-presidente e do Brasil. A coleção inclui presentes recebidos de outros chefes de Estado, oferecendo uma visão única da trajetória de Figueiredo, que governou o país entre 1979 e 1985.

Confissões e Revelações

Adriana Figueiredo, nora do ex-presidente, lamentou a situação, destacando que muitos objetos levados estavam marcados com as iniciais “JBF”. O tapete persa, avaliado em R$ 12 mil, foi vendido por apenas R$ 100. Adriana enfatiza que o objetivo não é punir quem comprou os itens furtados, mas sim recuperar os bens que fazem parte da história da família e do país.

Desconfiança e Investigações

Embora o crime esteja em andamento há cerca de cinco anos, a família começou a perceber o desaparecimento dos objetos apenas nos últimos três meses. O delegado da 106ª Delegacia de Polícia, Nei Loureiro, informou que o ex-caseiro admitiu, na presença do advogado, que furtou os itens devido à necessidade financeira. “Ele afirmou que devolveu tudo”, revelou o delegado sobre a investigação, que foi registrada em abril e divulgada recentemente.

História de Um Funcionário de Confiança

O ex-caseiro trabalhou para a família por 12 anos e a desconfiança sobre sua conduta aumentou quando ele pediu demissão após ser questionado sobre o sumiço dos itens. Adriana explicou que a vasta área da propriedade dificultava o monitoramento de cada casa. “Em janeiro, quando iniciamos a reforma, comecei a notar a falta de algumas coisas e o questionava. Ele dizia que havia quebrado ou estragado”, relatou.

A Troca de Objetos

Uma pista sobre o envolvimento do ex-caseiro surgiu por meio de um policial próximo à família, que descobriu que ele tinha vendido grande parte dos objetos na vizinhança. “Ele trocou uma sela de cavalo por quatro frangos. Tínhamos 21 bombas d’água e agora temos apenas seis”, lamentou Adriana.

Pelas Peças Históricas

O ex-caseiro está colaborando com a Polícia Civil para a recuperação dos itens furtados. Contudo, Adriana ainda não conseguiu listar todos os objetos desaparecidos, o que aumenta sua preocupação, já que muitas peças têm valor histórico e emocional. Até o momento, a família conseguiu recuperar cerca de 40% do que foi levado. “A maior parte das coisas levadas foi das cabanas do general e da dona Dulce, que ele praticamente esvaziou”, afirmou.

Recordações da Família

Adriana declarou que está buscando catalogar o que tinha e o que falta, revisitando fotos de família. “Da área hípica, que era cheia de selas e bridões de cavalo, só conseguimos recuperar quatro selas, um chicote e um chapéu antigo. As coleções de moedas, medalhas, as espadas do general, bibelôs e baixelas de prata, móveis e roupas de cama também foram afetados”, contou.

Um Lamento e Um Pedido

O sentimento de perda é palpable. “São recordações nossas, das minhas filhas, netos e das gerações futuras. Não queremos que sejam perdidas e também não queremos penalizar ninguém”, expressou Adriana, emocionada.

Consequências Legais

Por não ter sido preso em flagrante, o ex-caseiro responde ao processo em liberdade. A pena para o crime de furto varia de 1 a 4 anos de reclusão, podendo ser aumentada para até 8 anos se considerado o agravante de abuso de confiança.