Escritor embarca em jornada à Antártida para cumprir último desejo do pai, mas tudo sai do plano

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Uma Última Homenagem na Antártica

Preparado para enfrentar o extremo frio antártico, desembarquei do bote inflável e pisei, com um misto de excitação e apreensão, pela primeira vez no continente gelado. Vestindo quatro camadas de roupas, incluindo três jaquetas com capuzes cobrindo meu rosto e luvas grossas, sentia o peso de um saco de cinzas guardado no bolso. Eram as cinzas do meu pai, uma parte importante da bagagem emocional que decidi levar nessa jornada, como uma homenagem àquele que se foi há quase dez anos.

A ideia de espalhar suas cinzas em um local tão especial quanto a Antártica surgiu como uma forma simbólica de manter sua memória viva. Ao sonhar com essa cerimônia, no entanto, jamais considerei as rigorosas regras ambientais que governam este lugar remoto. Antes de começarmos nossa trilha, o guia nos instruiu: nada deve tocar o solo, exceto nossas botas. Nada de sentar, nada de deixar pertences jogados ou jogar qualquer tipo de resíduo. A responsabilidade pela preservação deste ecossistema único é levada a sério.

Desvendando as Restrições

Assim como na Antártica, o mundo apresenta uma colcha de retalhos de regras sobre como e onde espalhar cinzas. No Reino Unido, por exemplo, é livre a dispersão no mar, desde que se evitem áreas movimentadas. Nos Estados Unidos, variam conforme o estado e a jurisdição, com a Agência de Proteção Ambiental regulando enterros no oceano e parques cuidando de suas próprias normas.

O passado me ensinou que, em geral, é permitido espalhar cinzas em propriedades privadas. Em áreas públicas, porém, as regras são mais rígidas, especialmente em praias, onde a dispersão é muitas vezes proibida. A experiência de viajar com cinzas se torna ainda mais complexa se o plano for realizar a cerimônia no mar, já que a embarcação deve estar a pelo menos três milhas da costa.

Violando o Tratado da Antártica

A Antártica, o continente mais isolado e frio do planeta, é regida pelo Tratado da Antártica, que protege este ambiente intocado em nome da paz e da ciência. Espalhar as cinzas do meu pai violaria esse tratado, como me informou o guia, um aviso que me fez refletir. Eu não queria passar o restante da viagem carregando este pacote de cinzas, mas sabia que desrespeitar as normas poderia trazer consequências não apenas para mim, mas também para a integridade do lugar.

Com o coração angustiado, decidi que, independentemente da temida desaprovação do guia, eu precisava fazer algo simbólico. Ao chegarmos ao topo de uma colina deslumbrante, com vistas para uma lagoa cercada por icebergs, percebi que o verdadeiro ato de rememorar meu pai não deveria ser impulsionado pela desobediência, mas pela reflexão.

Mudando a Perspectiva

Em vez de espalhar as cinzas, peguei apenas um pequeno cartão de oração que o acompanhava, com uma imagem do meu pai que me lembrava de sua presença, mesmo em sua ausência. Respirei fundo e deixei meus pensamentos fluir. O que realmente importava não era o gesto físico de espalhar cinzas, mas sim a conexão emocional que ainda tinha com ele.

O poema que li em silêncio falava sobre como ele não estava realmente distante. Uma sensação de paz começou a tomar conta de mim enquanto descia a trilha, sentindo o som de minhas botas na neve se transformar em uma canção. O ar gelado preenchia meus pulmões, e percebi que a lembrança do meu pai estava comigo, em cada passo daquele lugar incrível.

Conclusões sobre Memória e Homenagem

Embora a ideia de espalhar suas cinzas na Antártica fosse bonita, talvez o mais adequado fosse um ritual em um lugar que tivesse significado em minha vida, onde ele viveu e amou. A jornada até ali já representava um poderoso ato de lembrança.

A crescente tendência de viajar com cinzas vem ganhando força nas últimas décadas, especialmente com o aumento da cremação. Muitas famílias têm procurado maneiras criativas e significativas de honrar seus entes queridos. Companhias de cruzeiro até oferecem serviços especiais para a dispersão de cinzas no mar, mostrando que, mesmo diante de restrições, as pessoas ainda buscam formas de se conectar com a memória daquelas que amam.

Reflexão Final

À medida que o sol começava a se esconder atrás das colinas, eu sabia que o que realmente importava era manter viva a memória do meu pai. Estar naquela paisagem magnífica, repleta de vida e beleza, fazia parte da homenagem que eu queria prestar. E, de certa forma, eu já tinha alcançado esse objetivo. Afinal, ele não está lá; ele vive em cada lembrança, em cada pensamento e em cada passo que eu dou, não apenas na Antártica, mas em todos os lugares que visito.

Leia a matéria na íntegra em: CNN


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