O mel sempre foi um componente essencial na cultura alimentar brasileira, remontando aos tempos dos povos nativos antes da chegada dos colonizadores. Esse ingrediente doce era uma adição bem-vinda em uma época em que o açúcar de cana não fazia parte da dieta dos indígenas.
Relatos históricos evidenciam a presença do mel na culinária brasileira desde os tempos do jesuíta Fernão Cardim, em 1585, destacando a diversidade de abelhas nativas e a abundância de mel na alimentação dos povos originários. Diferentemente das abelhas europeias e africanas, as abelhas nativas e sem ferrão viviam em pequenas comunidades, contribuindo significativamente para a gastronomia local.
Com ingredientes como mandioca, milho e caju, era possível criar uma variedade de iguarias, enriquecendo a culinária tradicional com sabores únicos. O mel, sendo o adoçante mais antigo da humanidade, era também um item presente em diversas tradições e práticas alimentares em diferentes culturas.
No Brasil, a diversidade de abelhas nativas sem ferrão é impressionante, com 244 tipos catalogados, representando metade das espécies mundiais desse tipo de abelha. Com isso, a variedade de sabores de mel disponíveis no país é incontável, resultado das diferentes florações e características das espécies locais.
A valorização do mel das abelhas nativas na gastronomia de alta qualidade tem ganhado destaque nos últimos anos. Restaurantes renomados, como o Evvai e o Tuju, em São Paulo, incorporam esses meles em seus cardápios, explorando a diversidade de sabores e aromas dessa iguaria única. A utilização de diferentes tipos de mel em preparações distintas, como gaspacho de acerola e coquetéis, evidencia a versatilidade desse ingrediente na culinária contemporânea.
A produção de mel pelas abelhas nativas também se destaca em iniciativas de produtores como o casal Benedito Antonio Uczai e Salete Perin, que se dedicam à criação dessas abelhas no Paraná. Com diversas colmeias espalhadas pela propriedade, eles se tornaram referência na produção e comercialização desses meles especiais, contribuindo para a preservação da biodiversidade e ressaltando a importância das abelhas na polinização e equilíbrio ambiental.
O futuro do planeta depende do papel desempenhado por esses pequenos e vitais insetos, que não apenas produzem mel, mas também são fundamentais para a manutenção da flora e fauna. A variedade de meles disponíveis, como o de Jataí, Mandaçaia, Guaraipo e Manduri, reflete a riqueza da biodiversidade brasileira e o potencial gastronômico desses produtos naturais.
Além disso, o mundo também possui meles especiais, como o de sidr da Arábia Saudita e Iêmen e o de himeto da Grécia, que destacam-se pela sua raridade e sabor único. A diversidade de meles ao redor do mundo é um reflexo da riqueza e variedade da natureza que nos cerca.
Portanto, a importância do mel na gastronomia vai além do seu sabor e doçura, representando também uma conexão com a natureza e a valorização da biodiversidade. A preservação das abelhas nativas e a apreciação dos diferentes tipos de mel contribuem para uma culinária mais autêntica e sustentável, repleta de sabores genuínos e histórias ancestrais.
Leia a matéria na integra em: CNN Viagem e Gastronomia
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