O Abandono em Pleno Centro: Desafios do Patrimônio Histórico do Rio de Janeiro
O recente desabamento parcial de um casarão histórico na Rua Mem de Sá, na Lapa, acendeu um alerta sobre a situação crítica dos imóveis abandonados no Centro do Rio de Janeiro. Com a atenção voltada para essa tragédia, a Prefeitura do Rio divulgou que existem 160 imóveis listados como abandonados, mas especialistas afirmam que esse número pode ser apenas uma fração da realidade. A ONG SOS Patrimônio, que reúne defensores do patrimônio histórico, fez uma contagem alarmante, revelando que até 750 imóveis estão em estado de abandono e em péssimas condições na área central da cidade.
O Legado Histórico e o Estado Atual
O Rio de Janeiro, mesmo sendo uma das capitais brasileiras com um centro histórico relativamente preservado, enfrenta um sério problema: a deterioração de imóveis centenários. A região central, onde a urbanização e a construção civil começaram a se consolidar desde o início do século XX, abriga diversos edifícios que, ao longo dos anos, perderam seu valor e uso original. Essa situação se acentuou desde a década de 1960, após a cidade ter deixado de ser a capital federal do Brasil.
As áreas que mais sofrem com o abandono são principalmente o entorno do Campo de Santana e a Lapa, que historicamente têm sido menos valorizadas. Nesse contexto, muitos imóveis foram invadidos e se transformaram em moradias de baixo custo, conhecidos como cortiços. Dependendo da localização, alguns deles também se tornaram prostíbulos ou hotéis com procedência duvidosa.
A Ação Governamental
A Prefeitura do Rio, ciente da gravidade do problema, emitiu em outubro de 2023 o Decreto Nº 53.306, que permite a arrecadação de prédios abandonados que não pagam impostos há pelo menos cinco anos. Após um mapeamento da Subprefeitura do Centro, os 160 imóveis identificados como abandonados agora estão passando por processos de arrecadação, conforme os prazos estabelecidos nesse decreto.
Pedidos de Vistoria e a Realidade do Abandono
Dados do portal 1746 revelam o desespero da população: em dois anos, foram quase 900 solicitações de vistoria em imóveis com risco de desabamento na Região Central. Esses números, alarmantes por si só, ainda ficam atrás dos registrados na Zona Norte, onde mais de 2.400 pedidos foram contabilizados. O que esses números refletem, principalmente, é a insegurança e a falta de apoio para a preservação dos bens históricos que ainda sobrevivem.
A Importância da Preservação
A preservação do patrimônio histórico não é apenas uma questão estética ou turística, mas uma necessidade para a manutenção da memória cultural e identidade da cidade. Iniciativas como as da ONG SOS Patrimônio são fundamentais, pois ajudam a chamar a atenção para a importância de preservar não só os edifícios, mas também as histórias que eles representam.
É crucial que as autoridades e a sociedade civil unam esforços para enfrentar esse problema. A prevenção do abandono e a restauração de prédios históricos não devem ser vistos como um custo, mas sim como um investimento para o futuro da cidade. O resgate e a revitalização do patrimônio são essenciais para promover a cultura, a economia local e, por fim, fazer do Centro do Rio de Janeiro um lugar seguro e vibrante para viver e trabalhar.
Conclusão
Embora o Rio de Janeiro tenha um rico legado histórico, a realidade dos imóveis abandonados narra uma história de descaso e descuido. É necessário que a população, em conjunto com o poder público e entidades civis, se mobilize para proteger e revitalizar essas estruturas que são parte intrínseca da identidade carioca. O futuro do Centro do Rio não deve ser escrito apenas em escombros, mas sim em iniciativas que celebrem e preservem a história da cidade.
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