O Envelhecimento Ativo e as Novas Oportunidades no Mercado Imobiliário Brasileiro
O Brasil vive um fenômeno único: a população está envelhecendo. Cada vez mais pessoas atingem idades avançadas, como 70, 80 ou até 90 anos, mantendo saúde e disposição para atividades como viajar, praticar esportes e até mesmo empreender. Essa mudança demográfica tem gerado novas perspectivas no mercado imobiliário, especialmente em projetos focados na longevidade ativa.
Com a expectativa de vida aumentando e a Economia Prateada — que movimentou R$ 1,8 trilhão em 2024 e deve chegar a R$ 3 trilhões até 2030 —, muitas incorporadoras estão atentas a um público específico. Este segmento busca moradias adaptadas e seguras, que ofereçam uma infraestrutura de serviços e convívio social, sem a necessidade de depender de familiares ou se afastar do ambiente urbano.
“O envelhecimento da população não é um problema. É uma oportunidade de inovação”, afirma Alexandre Frankel, CEO da Housi. Ele destaca que o desafio é criar espaços que respeitem as necessidades de pessoas produtivas, que valorizam conforto e qualidade de vida.
Iniciativas em São Paulo
Na cidade de São Paulo, duas incorporadoras estão liderando essa tendência: a Housi, em parceria com a Vitacon, e a recém-fundada Naara, criada por Joseph Nigri, filho de Meyer Nigri, fundador da Tecnisa. Ambas escolheram o bairro de Higienópolis, conhecido por sua tradição e serviços de alto padrão, para lançar seus empreendimentos focados na terceira idade.
A Housi está introduzindo o projeto Senior Living by Housi, com um valor geral de vendas estimado em R$ 400 milhões. Este empreendimento oferece apartamentos compactos, variando de 27 m² a 85 m², que contam com tecnologia e serviços “pay-per-use”. As unidades são projetadas para pessoas a partir de 60 anos, com design funcional que inclui chuveiros amplos, corredores largos e fácil acesso.
Entre as comodidades, estão uma academia adaptada, um espaço para hidroginástica, cinema e uma sala de convivência. A segurança é aprimorada por tecnologias de monitoramento, como braceletes e colares inteligentes que alertam sobre quedas, em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, que ajudou a desenvolver protocolos de bem-estar.
“O objetivo é preservar a independência por mais tempo, cercada de segurança e conveniência”, explica Frankel, destacando que o conceito deste projeto visa celebrar o envelhecimento ao invés de medicalizá-lo.
Já a Naara, que estreará em outubro, apresenta um projeto de R$ 150 milhões, focado em moradores com 75 anos ou mais, embora atraia também pessoas a partir de 65 anos. Este empreendimento contará com 104 apartamentos de 100 m² a 140 m² e 34 estúdios para cuidadores. Os preços começam a partir de R$ 28 mil por m², com um condomínio mensal projetado em R$ 6.500.
O lobby da Naara remete ao luxo, com serviços de concierge, gerador para o edifício, elevador para maca e instalação de barras de apoio, além de uma programação diária de eventos sociais.
Investimento e Crescimento no Setor
O projeto de Naara chamou a atenção de investidores significativos, como as famílias Feffer (Suzano) e Ometto (Rio das Pedras), que aportaram R$ 60 milhões. O gerenciamento dos serviços ficará a cargo da HCC Hotéis e da True Health, com atividades físicas coordenadas pela educadora Cau Saad.
“Queremos criar um ambiente acolhedor, com uma vida social ativa e um forte senso de comunidade”, afirma Nigri, que está dedicando sua expertise ao segmento de senior living, após dez anos de pesquisa.
O Futuro das Moradias para Idosos
Essa tendência no mercado reflete uma transição demográfica significativa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil deve se tornar o quinto país do mundo com mais de 60 anos em 2030, dobrando o número de pessoas nesta faixa etária até 2050, passando de 25 milhões para 50 milhões.
Esse grupo representa o segmento de consumidores que mais cresce no Brasil, com uma renda média acima da média nacional, buscando autonomia e experiências. Por isso, incorporadoras priorizam locais centrais, onde a socialização e o sentido de pertencimento são facilitados.
Segundo Nigri, “esses projetos têm sucesso quando o individual pode continuar vivendo onde sempre morou, próximo de amigos, academias e cafés favoritos”. Ele planeja expandir suas unidades para bairros como Jardins, Vila Nova Conceição, Morumbi e Paraíso, enquanto a Housi considera se expandir para cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Santos.
Desafios e Oportunidades
Para os especialistas, o grande desafio será escalar modelos de moradia que atendam a diferentes faixas de renda, sem perder a qualidade. “Optamos pelo alto padrão porque oferece margens maiores. Mas esperamos que um dia exista uma versão acessível, como uma ‘Minha Casa, Minha Vida’ para o senior living”, compartilha Nigri.
Thomaz Assumpção, CEO da Urban Systems, ressalta que o envelhecimento exige novas opções habitacionais, mas é preciso superar barreiras comportamentais. Pessoas nessa faixa etária não desejam viver isoladas ou segregadas; elas buscam uma convivência ativa na comunidade, frequentando restaurantes e teatros.
Muitos também preferem alugar ao invés de comprar, optando por manter seu capital aplicado. “Para quem tem dez ou 15 anos de expectativa de vida ativa, alugar pode ser mais sensato do que comprar um imóvel caro”, acrescenta Assumpção.
Com a crescente demanda por moradias voltadas à longevidade ativa, investidores e fundos imobiliários veem nesse nicho uma oportunidade de longo prazo. “O Brasil precisa se preparar para envelhecer bem. Se não criarmos soluções urbanas e habitacionais agora, o sistema de saúde e as cidades não vão acompanhar”, conclui Frankel.
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