Roberto Burle Marx e o Legado de Rosa
Ao conhecer Roberto Burle Marx pessoalmente, Rosa ficou desconcertada diante do profissional que ela tanto admirava. Ele quebrou o gelo dizendo: “Você acha que é tão importante ser paisagista?” Essa passagem está registrada em O Livro da Rosa: Vivência e Paisagens (Romano Guerra, 2019, 336 págs.), organizado por Lucia Maria Sá Antunes Costa e Maria Cecília Barbieri Gorski. Burle Marx, que escolheu o Rio de Janeiro como lar, era a referência na arquitetura da paisagem até então, e os dois, os únicos brasileiros a integrar a International Federation of Landscape Architects (Ifla). Participar dos eventos da instituição estrangeira, que promovia cursos, intercâmbios, palestras e viagens para os associados, despertou em Rosa a vontade de institucionalizar a prática no Brasil. Nasceu, então, em 1976, a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, a Abap. A rebeldia – inaugurar um órgão para arquitetos que escapavam da cobertura do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) – colocou o país de vez no mapa da produção mundial.
“Em 1978, quando o ensino do paisagismo no Brasil ainda era incipiente, ela já havia criado um órgão institucional e feito um congresso internacional em Salvador que trouxe profissionais de lugares como Canadá, Filipinas, Japão, México, Nova Zelândia e Tailândia. Ela trazia essa visão de mundo para os arquitetos locais”, conta Eduardo Barra, colega que esteve à frente da presidência da Abap por duas gestões. A importância de Rosa para a arquitetura como um todo não termina aí. “Ao normatizar a profissão, criando parâmetros, oferecendo cursos e viagens, Rosa acaba por potencializar o desenvolvimento do ofício como um todo. O resultado disso se converte na qualidade dos projetos que começam a surgir Brasil afora”, revela Ciça Gorski, arquiteta paisagista do Barbieri Gorski, aluna, aprendiz, colaboradora, colega de Rosa e uma das organizadoras de seu livro mais recente.
“A contribuição dela é plural, excepcional e de alta qualidade. Difícil encontrar profissionais que tenham feito tantos espaços públicos e em todas as regiões do Brasil como ela fez”, afirma Lucia Costa, também organizadora do livro e professora da FAU/UFRJ.
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