Quando conheceu a Itália pela primeira vez, aos 22 anos, acompanhando seu pai em uma viagem em 1975, a rabina Barbara Aiello não poderia imaginar que décadas depois se tornaria uma figura central na vida judaica de Serrastretta, uma pequena vila na Calábria. Atualmente com 77 anos, Aiello, que nasceu em Pittsburgh, Pensilvânia, se estabeleceu em Milão em 2004 e, logo após, mudou-se para Serrastretta, terra de seus antepassados.
Um Destino Precedido por Conexões
Na Califórnia, a rabina fundou a primeira e única sinagoga da Calábria, refletindo sobre a importância de sua herança e a conexão que sempre sentiu com essa terra, onde o amor pelo lugar e sua cultura se entrelaçaram. “Parece coisa de outro mundo”, revela Aiello sobre sua vida na vila. Para ela, há um significado especial na palavra iídiche “beshert”, que significa “era para ser”.
O desejo de viver na Itália teve suas origens nas histórias que seu pai contava sobre sua vida na Europa antes de emigrar para os Estados Unidos. Esse fascínio por suas raízes a motivou a retornar à terra natal de sua família, onde foi recebida de braços abertos pelo pequeno vilarejo.
Ela visitou a vila italiana pela primeira vez em 1975 e teve a certeza de que um dia moraria lá • Rabbi Barbara Aiello
Crescendo e Realizando Sonhos
A primeira visita à Serrastretta não foi apenas uma viagem nostálgica; foi um momento de epifania para Aiello, que sempre sonhou em se tornar rabina, mesmo em um período em que tal aspiração parecia inviável. "Crescendo, não conhecia nenhuma mulher rabina", conta. Em 1968, quando se formou, havia apenas uma mulher rabina nos Estados Unidos. Contudo, aos 42 anos, o desejo se solidificou, levando-a a se inscrever em um seminário e, quatro anos depois, ser ordenada como rabina pelo movimento Reformista.
Desafios e Adaptação
A mudança de vida para a Itália não foi isenta de desafios. Enquanto a experiência de ser rabina nos EUA era marcada por um ambiente mais progressista, a realidade italiana se revelava mais tradicional. “O Judaísmo na Itália é muito mais ortodoxo”, explica. Aiello se viu diante do desafio de aprimorar seu italiano e de adaptar seus ensinamentos e práticas a um contexto cultural diferente, em um país onde o judeus representam uma minoria.
Aqueles primeiros anos em Milão foram de aprendizado e superação: “Quando cheguei a Milão, não conseguia fazer um sermão em italiano,” relembra. Foi preciso tempo e dedicação.
Ela visitou Serrastretta, na região da Calábria, pela primeira vez em 1975 e ficou imediatamente encantada • Barbara Aiello
A Sinagoga e a Comunidade
Aiello fundou a sinagoga de Serrastretta com o apoio da comunidade local, que não só a acolheu, mas também a envolveu na vida cotidiana da vila. Após a inauguração da sinagoga, que completou 18 anos, os moradores começaram a frequentá-la, trazendo um renascimento da identidade judaica na região.
Foi nesse ambiente que uma nova conexão floresceu: sua relação com Enrico, seu primo de segundo grau. Juntos, eles se casaram, e Aiello acredita que seu pai, falecido em 1980, ficaria feliz com essa união, que, de certa forma, realizou uma de suas previsões.
A rabina Barbara é casada há 14 anos com Enrico, a quem conheceu pela primeira vez em 1975. Na imagem, eles aparecem celebrando a festividade judaica de Hanukkah. • Rabbi Barbara Aiello
Viver na Calábria
Aiello descreve a vida em Serrastretta como um retorno a casa, repleto de calor humano, senso de comunidade e vivências locais que a aproximaram de seus valores familiares. A Calábria, com suas tradições locais e um ritmo de vida diferente daquele cometido na América, trouxe a ela um novo valor através das interações diárias, como os momentos em família ao redor da mesa.
Apesar da beleza e do apelo da vida na Calábria, a rabina admite que a infraestrutura e os serviços médicos podem ser limitados, apresentando desafios, especialmente à medida que a idade avança. "O Medicare nos EUA é muito mais organizado e eficiente", adiciona, refletindo sobre os cuidados de saúde que são essenciais nesta fase da vida.
Legado e Futuro
Hoje, Aiello se vê como uma guardiã da história judaica de Serrastretta, trabalhando ativamente para promover a aceitação religiosa e a coexistência pacífica. Sente-se honrada em dar continuidade ao legado do pai e se esforça para reforçar os valores de tolerância e respeito entre as comunidades, celebrando feriados comuns a judeus e cristãos.
Embora visite frequentemente sua filha que vive nos EUA, Aiello afirma que sua casa agora é Serrastretta. "Quando vou para os EUA, me preparo para tudo o que preciso resolver. Mas, quando volto, sinto que estou em casa. É uma sensação completamente diferente", conclui.
“Há um calor humano, um senso de companheirismo e de acolhimento”, diz a rabina Barbara sobre Serrastretta • Rabbi Barbara Aiello
Leia a matéria na íntegra em: CNN
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