Cruz Atelier reutiliza redes de pesca e madeira de plataformas de mexilhões para criar pavilhão circular na Espanha

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+ cruz.atelier conclui o pavilhão ¡Qué Faena(r)! na Galícia

O estúdio de arquitetura + cruz.atelier é responsável pelo projeto ¡Qué Faena(r)!, um pioneiro pavilhão localizado na região da Galícia, na Espanha. A proposta reimagina a interação entre a natureza e a construção, utilizando como inspiração as plataformas de mexilhão características da região. Com essa estrutura, os arquitetos espanhóis buscam mostrar como a arquitetura pode ser um agente de transformação social em espaços públicos afetados pela extração de recursos naturais, integrando o artesanato tradicional, materiais reciclados e práticas sustentáveis.

Uma Conexão entre Dois Mundos

O projeto estabelece um elo entre os "mares" na terra firme, por meio de um pavilhão construído com dois elementos icônicos: a plataforma de mexilhão da Galícia como a estrutura principal, e um sistema de pesca tradicional em seu telhado, que serve como atrativo e abrigo para atividades em seu interior. A construção, de grande escala, aborda os desafios culturais e ambientais da região e destaca os princípios da economia circular. Impressionantes 82% de sua estrutura são compostos por materiais que atingiram o fim de sua vida útil, incluindo redes de pesca, tambores enferrujados, madeira recuperada de plataformas de mexilhão e blocos de granito.

Além de ser um mediador conceitual entre os elementos urbanos, culturais e tradicionais da localidade, o pavilhão também visa criar um espaço de encontro na cidade, permitindo a realização de atividades culturais.

Pavilhão ¡Qué Faena(r)!

Todas as imagens são de autoria de Franzisco González a menos que indicado de outra forma.

Dos Resíduos ao Design

A identidade marítima de Galícia — representada pelo sereno "Mar de Dentro" e o indomável "Mar de Fora" — é o pano de fundo do projeto ¡Qué Faena(r)!. Os arquitetos Oscar Cruz e Pablo Paradinas se inspiram nas plataformas de mexilhão, estruturas icônicas da indústria pesqueira local, para criar um artefato que mescla arquitetura e artifício, tradição e mediação. Um dos principais desafios enfrentados foi estabelecer uma rede de proximidade entre arquitetos, recursos, artesãos e fornecedores locais.

O design do pavilhão busca a participação de artesãos locais em colaboração com os arquitetos, utilizando resíduos recuperados. Após cumprirem sua função no mar, esses elementos são reaproveitados com o auxílio de pedreiros, carpinteiros e da associação de redeiras, promovendo uma economia circular e local. Essa abordagem possibilita o uso de materiais recuperados, de origem próxima, e uma reinterpretação do conhecimento tradicional para criar um grande artefato urbano que une tradição e inovação. Uma vez que o pavilhão cumprir sua função, os materiais serão reintegrados ao circuito industrial, garantindo a sustentabilidade contínua.

Estrutura do Pavilhão

O uso de madeira de eucalipto “verde” recém-serrada é incentivado, contribuindo para a redução da dominância dessa espécie nas florestas gallegas. Essa prática não só possibilita a rápida disponibilidade de materiais, mas também reduz os custos de energia associados ao secagem artificial da madeira. Assim, o design de ¡Qué Faena(r)! promove um equilíbrio entre extração e reutilização imediata, alcançando uma gestão florestal circular e sustentável.

A Economia Circular em Ação

A Xunta de Galicia, através da plataforma Fortra de rastreamento de madeira, certificou a remoção de 17.797,85 kg de CO2 devido ao uso de madeiras reutilizadas e de origem local, o que equivale à emissão de 187 automóveis em uma viagem de 500 km. Durante sua vida útil, a madeira utilizada nas plataformas de mexilhão enfrenta condições extremas — ondas fortes, ventos do estuário, sol intenso e vida marinha que adere à sua superfície. Após três décadas de exposição a esse ambiente hostil, a madeira adquire uma pátina especial e uma textura única, marcada pelo incessante vai e vem das ondas.

Além de ser uma preocupação ambiental, a questão do lixo plástico nos oceanos é alarmante. A cada ano, cerca de 100 milhões de toneladas de plástico são lançadas na natureza, sendo que uma décima parte vai parar nos mares. As chamadas "redes fantasma", por exemplo, representam 10% do total de resíduos no mar, causando danos a recifes de corais e devastando habitats marinhos.

Pavilhão e sua relação com a natureza

Assim como as plataformas de mexilhão, as redes de pesca também são parte da atividade pesqueira, com aspectos culturais e antropológicos, já que o uso e conserto das redes tradicionalmente são feitos por mulheres, criando uma comunidade de solidariedade em torno das mulheres do mar.

Galícia, com seu forte vento e abundância de granito, proporciona um cenário favorável não apenas à energia eólica, mas também à construção de uma identidade cultural rica, moldada pelos elementos naturais ao longo do tempo.

Materiais utilizados no projeto

A estrutura do pavilhão é uma viva representação dessa luta entre natureza e artefato, mostrando que é possível construir de forma sustentável e consciente, respeitando as tradições locais e, ao mesmo tempo, inovando para o futuro.

Com uma proposta que junta tradição e modernidade, o pavilhão ¡Qué Faena(r)! se torna um exemplo de como a arquitetura pode estar ao serviço da cultura, do meio ambiente e da sociedade.

Informações do Projeto

  • Nome: ¡Qué Faena(r)!
  • Arquitetos: + cruz.atelier
  • Arquitetos principais: Oscar Cruz, Pablo Paradinas
  • Localização: Galícia, Espanha

Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas aqui.

Leia a matéria na integra em: Designboom


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