Crise no Edifício Kátia Melo: Administração Enfrenta Desafios Após Desabamento
A administradora do Edifício Kátia Melo, localizado em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, Silvia Maria, confirmou em entrevista que o condomínio não possui recursos financeiros para cobrir a demolição da parte da estrutura que permaneceu intacta após o desabamento parcial do edifício.
Silvia está à frente da administração do prédio desde 2017 e planeja apresentar um relatório à Defesa Civil de Jaboatão, elaborado por um engenheiro, afirmando que não há viabilidade de reaproveitamento do restante da edificação.
“Realizaremos um levantamento de empresas para orçar a demolição, mas o condomínio não tem condições de arcar com isso. Vamos buscar a assistência da prefeitura para solucionar a situação do Kátia Melo,” destacou a administradora.
Segundo Silvia, o condomínio também enfrenta dificuldades financeiras para cobrir serviços de limpeza e vigilância. Cada família contribui com R$ 335 mensais para a taxa condominial, que é calculada com base na capacidade financeira dos proprietários. Apesar do cenário, ela garante que ainda há recursos disponíveis e reconhece que os moradores estão em estado de choque.
“O relatório incluirá informações técnicas sobre o imóvel, que é um prédio-caixão com 45 anos. Não há possibilidade de recuperação. Nem a Defesa Civil nem os engenheiros têm certeza sobre o que exatamente ocorreu. Isso será investigado,” completou.
Remoção de Paredes: Um Fator Contribuinte?
Um vídeo que circulou nas redes sociais mostra o momento da interdição do edifício e um homem seg holding pedaços de cerâmica e tijolos expostos. Ele afirma que um morador do terceiro andar teria derrubado uma parede que dividia o quarto da sala, o que pode ter sobrecarregado as paredes do prédio, que não possuía vigas ou estruturas de segurança adequadas.
“Meus contatos com os moradores eram estritamente profissionais. Na minha gestão, não houve remoção de paredes. Caso isso tivesse ocorrido, precisaria ser comunicado a mim. É possível que tenha acontecido em gestões anteriores, mas não tenho como confirmar,” afirmou Silvia.
Escombros do prédio que desabou em Jaboatão | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco
Serviços Recentes no Edifício
Silvia informou que há dois meses foi realizada a lavagem da fachada do prédio, que apresentava mofo. Os serviços incluíram a aplicação de um impermeabilizante nas paredes.
“Foi aplicado impermeabilizante para proteção durante o inverno. Até o momento, não havia reclamações sobre infiltrações. Podemos garantir que não havia rachaduras nas áreas com caixa de esgoto ou cisterna. Fomos realmente pegos de surpresa,” finalizou a administradora.
O Que São Prédios-Caixão?
O Edifício Kátia Melo se qualifica como um prédio-caixão, que, além do térreo, possui três andares e abriga 16 apartamentos. Essa tipologia construtiva é caracterizada pelo uso de alvenaria resistente como suporte estrutural, substituindo vigas e pilares, apenas com as paredes sustentando a edificação.
Esses imóveis tornaram-se populares na década de 1970, especialmente entre as classes de menor poder aquisitivo, devido ao baixo custo, e foram vistos como uma solução para o déficit habitacional da época.
Desde 2003, a utilização desse método de construção está proibida em Pernambuco, uma vez que estudos comprovaram a falta de durabilidade e resistência ao longo do tempo.
Um Problema Crônico
Os dados revelam que, entre 1977 e 2023, ocorreram 18 desabamentos de prédios-caixão, resultando em 54 fatalidades. No ano de 2023, foram registrados dois incidentes fatais: o desabamento do Edifício Leme em Olinda, que causou a morte de seis pessoas, e o colapso parcial do bloco D-7 do Conjunto Beira Mar em Paulista, que resultou em 14 mortes.
Para mais informações sobre os riscos associados aos prédios-caixão, ouça nosso podcast:
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