Condomínio Abandonado em Jacarepaguá: O Declínio Assustador e os Mistérios de Desovas de Corpos

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Condomínio Abandonado em Jacarepaguá: O Declínio Assustador e os Mistérios de Desovas de Corpos

O Elefante Branco de Rio das Pedras: Uma História de Esperanças Desfeitas

Um enorme conjunto de prédios, conhecido informalmente como o “elefante branco”, está localizado ao lado de Rio das Pedras, no Rio de Janeiro. Esses 15 edifícios de dez andares, que fazem parte de um ambicioso plano imobiliário da Delfin Imobiliária, permanecem inacabados há mais de 40 anos. Com um projeto que previa 16 mil unidades, pouca realidade se concretizou. Na verdade, o que começou como um sonho para muitos moradores acabou se transformando em um pesadelo, após ocupações informais e o uso do local por milícias para desova de corpos, de acordo com relatos locais.

Um Sonho Interrompido nos Anos 80

Para compreender a situação atual, é necessário voltar à década de 1980. O projeto iniciado em 1977 foi interrompido em 1986 devido à falta de financiamento do extinto Banco Nacional de Habitação (BNH). Os 982 apartamentos que chegaram a ser finalizados estavam abandonados por falta de habite-se, apresentando rachaduras e sinais visíveis de deterioração.

Ocupações e Consequências

Em meio a essa insegurança, cerca de seis mil pessoas, especialmente da comunidade local, ocuparam os edifícios abandonados, enfrentando condições precárias, sem acesso a serviços básicos como água e energia elétrica. O então governador Leonel Brizola optou por uma abordagem pacífica para retirar os ocupantes, que, após negociações, foram transferidos para terrenos vizinhos, formando novas comunidades: Areal, Areinha e Pinheiro.

Cenário de Abandono e Perigo

Atualmente, os moradores relatam que tanto os prédios quanto as casas nas áreas adjacentes estão afundando. Um residente expressou sua preocupação, afirmando que a portaria e o primeiro andar dos prédios já estão submersos. “As famílias ocupam apenas o segundo andar. Daqui a 20 anos, tudo desaparecerá”, alerta.

Problemas Estruturais e Urbanos

Segundo Sérgio Magalhães, arquiteto e urbanista, os edifícios foram erguidos em uma área de turfa, que naturalmente se afunda, impossibilitando a instalação de redes de água e esgoto ou até mesmo de estradas. Ele compara a situação ao que ocorreu na Vila do Pan, em Jacarepaguá, onde foi necessária a construção de uma laje para estabilizar a infraestrutura.

Violência e Medo na Comunidade

Enquanto o futuro do complexo permanece incerto, a presença da milícia tem impactado severamente a rotina de Rio das Pedras. Moradores afirmam que o local se tornou um “cemitério clandestino”, onde corpos são frequentemente abandonados. Isso não apenas transforma a área em um espaço perigoso mas também cria barreiras para o acesso ao local.

A Resposta das Autoridades

A Polícia Civil reconhece a gravidade da situação. Em 2023, três corpos foram encontrados na área, resultando em operações focadas na identificação dos responsáveis. Entretanto, o que deveria ser uma solução efetiva ainda parece distante diante da ineficácia do estado.

A Demolição como Solução?

Questionado sobre o que poderia ser feito com o que restou do conjunto residencial, um dos moradores sugeriu a demolição. “É frustrante ver uma construção tão grande e bonita, mas totalmente inutilizável”, declarou. Por sua vez, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento, ao ser consultada sobre o futuro do terreno, afirmou que a responsabilidade recai sobre a propriedade privada, que atualmente não possui licença válida.

Assim, a história do “elefante branco” não é apenas a de uma obra pública inacabada, mas também uma reflexão sobre esperança, abandono e os desafios enfrentados por comunidades ao redor. Os sonhos de habitação acessível se transformaram em um lembrete da fragilidade das promessas urbanas.

Moradores de Rio das Pedras e comunidades vizinhas ocuparam prédios do conjunto da Delfin Imobiliária, que estavam abandonados — Foto: William de Moura/22-03-1991
Ronda de policiais militares nos anos 1990 no conjunto: terreno já tinha pontos de alagamentos — Foto: Marcos Issa/28-3-1991

Leia a matéria na integra em: oglobo.globo.com
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