Mercado Imobiliário de Porto Alegre Mostra Sinais de Aquecimento em 2025

Apesar de um cenário econômico conturbado, caracterizado por juros elevados e incertezas, o mercado imobiliário de Porto Alegre apresenta um cenário promissor neste ano. Dados recentes apontam uma alta de 8% nas vendas de imóveis novos no primeiro semestre de 2025 em comparação ao ano anterior. Além disso, o Valor Geral de Vendas (VGV) das unidades comercializadas teve um crescimento de 10%, indicando uma valorização significativa dos imóveis na capital gaúcha.

As informações são fruto de uma pesquisa realizada pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), em parceria com a Alphaplan e a Órulo.

O Que Justifica o Crescimento?

Segundo especialistas, o aumento da demanda foi impulsionado pelo represamento que ocorreu devido às enchentes do ano passado, além do uso de imóveis como uma opção de investimento em um período de incerteza econômica. Somente no primeiro semestre deste ano, 2.234 imóveis foram vendidos em Porto Alegre, representando 165 unidades a mais do que as 2.069 comercializadas no mesmo período do ano anterior. O VGV alcançou R$ 2,3 bilhões, subindo 10% em relação a 2024, que registrou R$ 2,1 bilhões.

O Sinduscon-RS considera que o aumento nas vendas e no VGV refletem uma valorização gradual dos imóveis na cidade, após anos de represamento nos reajustes. Essa análise considera todos os tipos de unidades, mas destaca que os apartamentos residenciais dominam a maior parte das vendas.

Impactos da Inundação e Redução de Lançamentos

Claudio Teitelbaum, presidente do Sinduscon-RS, ressalta que as vendas de imóveis foram seriamente afetadas no primeiro semestre do ano passado devido às enchentes. Com a normalização da situação, houve um aquecimento na demanda por alguns tipos de imóveis, como studios e unidades de três dormitórios, criando oportunidades para recomposição de preços.

“Esse cenário é reforçado pela redução no número de lançamentos e pela diminuição do estoque de imóveis. Com o estoque reduzido, há mais espaço para a valorização”, comenta Teitelbaum.

A pesquisa também indica um declínio de 6% nos lançamentos. Isso resulta em uma queda de 10% no estoque total de imóveis novos, aumentando o espaço para valorização, segundo especialistas. Eber Pires Marzulo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), alerta que o aumento na oferta de imóveis de alto padrão também deve ser considerado, influenciando as médias de preços.

Características do Mercado Atual

Os bairros de Petrópolis, Rio Branco, Bela Vista e Boa Vista sozinhos representam quase 50% do VGV total do primeiro semestre, que foi de R$ 2,3 bilhões. A retração nos lançamentos reflete uma cautela por parte das empresas, que estão adotando uma postura mais conservadora enquanto monitoram as condições econômicas.

Investimento em Imóveis como Segurança Financeira

Além das questões de mercado, a busca por imóveis também está atrelada à sua função como investimento. Durante períodos de instabilidade econômica e com a Selic alta, muitos investidores veem o imóvel como uma “moeda forte”, uma forma segura de proteger seu patrimônio.

“Diante das tarifações elevadas e da incerteza política, o imóvel se torna uma oportunidade de investimento, seja para proteção de patrimônio ou como fonte de renda futura”, explica Teitelbaum.

No que diz respeito ao perfil dos imóveis vendidos, os studios e apartamentos de um dormitório lideram em número de unidades, enquanto as propriedades de três dormitórios destacam-se em termos de VGV, representando 52% das transações.

Principais Bairros e Seu Desempenho

O ranking de bairros com maior participação no VGV no primeiro semestre de 2025 é o seguinte:

• Petrópolis – R$ 366 milhões – 17%
• Rio Branco – R$ 236 milhões – 11%
• Bela Vista – R$ 208 milhões – 10%
• Boa Vista – R$ 191 milhões – 9%
• Auxiliadora – R$ 136 milhões – 6%
• Moinhos de Vento – R$ 127 milhões – 6%
• Menino Deus – R$ 123 milhões – 6%
• Centro Histórico – R$ 120 milhões – 6%
• Bom Fim – R$ 88 milhões – 4%
• Cidade Baixa – R$ 47 milhões – 2%

Nota: o ranking considera apenas apartamentos.

Fonte: Sinduscon-RS, Órulo e Alphaplan.

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