Centro de Referência das Quebradeiras de Babaçu: Uma Arquitetura de Sustentabilidade e Comunidade
O Centro de Referência das Quebradeiras de Babaçu, projetado pelo Estudio Flume, representa uma inovação significativa para a comunidade de Sumaúma, no Maranhão. Este espaço não é apenas uma edificação; é uma resposta construída às necessidades sociais, culturais e econômicas das mulheres que vivem desta atividade tradicional.
© Maíra Acayaba
Uma Conexão com a Comunidade
O projeto se destaca pelo seu processo colaborativo, que incluiu a participação ativa da comunidade nas etapas de concepção e desenvolvimento. Por meio de oficinas de design coletivo, as quebra-pedras tiveram a oportunidade de expressar suas necessidades e desejos, ajudando a moldar o espaço que usariam no dia a dia. Essa interação resultou em um espaço que não apenas acomoda as atividades de processamento do babaçu, mas que também serve como um ponto de encontro.
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Infraestrutura e Sustentabilidade
A construção do centro é uma celebração da arquitetura sustentável. O projeto utiliza tijolos de terra comprimida, uma solução que minimiza o impacto ambiental e manutenção ao longo do tempo. Com uma estrutura autoportante, os espaços de trabalho e convívio foram definidos, enquanto uma segunda estrutura, feita de madeira local, suporta o telhado. Esse sistema de dupla cobertura proporciona condições de conforto térmico, com áreas sempre sombreadas e ventiladas.
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Espaços para a Comunidade
O centro é organizado em torno de pátios cobertos e descobertos, pensados como locais de encontro para mais de 40 mulheres que compõem o grupo de quebradeiras, a maioria mães e avós. Esses espaços multifuncionais não só abrigam as atividades produtivas, mas também promovem a mobilização social, permitindo que as famílias se reúnam e compartilhem experiências.
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Desafios e Soluções
Localizada a 35 km do centro urbano mais próximo e enfrentando desafios de acesso, especialmente durante a estação chuvosa, a construção do centro levou em consideração todos esses fatores. As técnicas tradicionais de construção foram reinterpretadas, permitindo a maximização de recursos locais. O projeto incorpora ainda soluções para captação de água da chuva e sistemas de tratamento de esgoto, visando um impacto ambiental positivo que vai além da edificação.
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Conclusão
O Centro de Referência das Quebradeiras de Babaçu emerge não só como um espaço físico, mas como um símbolo de resistência e empoderamento. Ele reflete a força de uma comunidade unida, que ao se autovalorizar e preservar suas tradições, cria novos horizontes. A arquitetura, neste contexto, se transforma em uma ferramenta vital para a libertação e adaptação a novas demandas sociais, mostrando que é possível construir (e reconstruir) a partir da vontade e colaboração de quem vive esses espaços.
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Assim, o centro se torna um modelo de desenvolvimento sustentável no Brasil, um exemplo de como o design colaborativo e a valorização dos saberes locais podem gerar impacto positivo nas comunidades rurais.
O Centro de Referência tem muito a ensinar sobre a intersecção entre arquitetura, comunidade e meio ambiente, e a importância de ouvir e integrar as vozes de quem realmente vivencia o espaço.