Cenário Imobiliário em Belém: Aluguéis Surge com Preços Surreais e Aumento da Demanda

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COP30 em Belém: Mercado Imobiliário em Crise com Preços Inflacionados

A poucos meses da realização da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que ocorrerá em Belém, o mercado imobiliário da capital paraense enfrenta uma situação crítica. Em um cenário marcado pela ausência de regulação, os preços dos aluguéis dispararam, gerando um ambiente de incertezas e iniquidades.

A Pressão Imobiliária

Com a expectativa de receber cerca de 40 mil visitantes entre líderes e representantes de mais de 190 países, a demanda por acomodações em Belém ultrapassa a oferta. Atualmente, a cidade conta com aproximadamente 18 mil leitos disponíveis, e tanto o governo federal quanto o estadual têm trabalhado para encontrar soluções emergenciais. Medidas como a utilização de navios de cruzeiro como hotéis flutuantes e a adaptação de escolas para receber visitantes têm sido propostas para amenizar o déficit.

No entanto, essa transição ainda não se concretizou. A falta de um planejamento claro tem gerado uma situação de "vale-tudo" na transação de aluguéis, onde proprietários temem perder a oportunidade de lucrar com a conferência. Ao invés de um aumento sustentável na oferta de leitos, muitos imóveis estão sendo "represados" em função da expectativa de lucros exorbitantes durante o evento.

Preços Abusivos

Informações reveladas mostram que proprietários estão lançando imóveis a preços astronômicos. Um exemplo alarmante é um apartamento de cinco camas listado por R$ 2,3 milhões para um período de 17 dias. Esse comportamento tem gerado uma onda de indignação, com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) do Pará chamando a atenção para a natureza abusiva de tais ofertas.

Ainda mais impressionante é o caso de uma rede de hotéis que anunciou diárias de até US$ 2.000 (cerca de R$ 11.840) para uma simples vaga, elevando o custo total para mais de R$ 149 mil caso o hóspede opte por se hospedar durante os 12 dias da conferência. Tais preços, que chegam a ser cinco vezes superiores à média atual do mercado, são vistos como ilógicos e prejudiciais para os inquilinos existentes.

Contratos Atípicos e Intenções de Despejo

Esse clima de especulação também gerou um aumento significativo na prática de contratos atípicos, com inquilinos sendo pressionados a desocupar imóveis nas datas da COP30. Corretores de imóveis relatam que é comum ouvir sobre proprietários que manifestam a intenção de despejar locatários para aproveitar os altos preços do evento.

Além disso, grandes empresas estão em busca de dezenas de imóveis para acomodar funcionários durante a conferência, estabelecendo uma competição saudável com locatários e contribuindo ainda mais para a escassez de opções disponíveis.

O Papel do Governo

A presidente do Creci, Luísa Carneiro, afirmou que o governo não tem consultado a entidade sobre soluções para o avanço das aluguéis. Ela expressou preocupação com a falta de diálogo entre os governos estadual e federal e os profissionais do setor imobiliário. De acordo com Carneiro, há uma necessidade urgente de um fórum de discussão para resolver as questões prementes do mercado.

As promessas de "aumento significativo" no número de leitos, como anunciado por representantes do governo do Pará, permanecem vagas. Os esforços para aumentar a oferta de acomodações ainda são ineficazes sem uma estratégia clara que considere a realidade do mercado.

Reflexões Finais

À medida que se aproxima o evento de grande importância internacional, a situação do mercado imobiliário em Belém revela a urgência de uma regulação mais firme. As operações atuais destacam a fragilidade de um sistema que depende de políticas públicas eficazes para garantir acesso equitativo e preços justos para todos os envolvidos.

Enquanto as expectativas para a COP30 aumentam, o desafio de equilibrar a demanda e a oferta de acomodações permanece em aberto. O que se espera dos governos é um planejamento coerente para que a cidade possa realmente estar preparada para receber o mundo, evitando abusos e promovendo um ambiente acolhedor e acessível para todos os participantes.

Leia a matéria na íntegra em: www1.folha.uol.com.br


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