Boonserm Premthada transforma celeiros de arroz tailandeses em abrigo para alimentação de elefantes na Triennale de Milão.

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Elephant Food House: Arquitetura em Prol da Coexistência

Em Taklang, no nordeste da Tailândia, a harmoniosa convivência entre elefantes e humanos se estende por mais de quatro séculos. Com mais de 200 desses majestosos animais compartilhando o espaço com os moradores, surge o projeto inovador da Boonserm Premthada, intitulado Elephant Food House, que foi destaque na 24ª Exposição Internacional da Triennale Milano.

Este projeto responde a uma crescente crise de escassez de alimentos para elefantes, exacerbada pela desflorestação, ciclos de cultivo interrompidos e mudanças climáticas. A solução apresentada por Premthada amalgama arquitetura, ecologia e o artesanato local, propondo uma forma modesta de interdependência.

As estruturas, reconfiguradas a partir de antigos armazéns de arroz, que antes guardavam grãos para consumo humano, agora se transformam em refúgios para elefantes. Essas construções leves e arejadas são feitas com estruturas de madeira e envoltas em cestos de bambu trançados à mão, recriando ferramentas agrícolas tradicionais que foram ampliadas e recontextualizadas. Com superfícies permeáveis, as edificações proporcionam ventilação e proteção, ao mesmo tempo que exibem o artesanato da região.

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Premthada e a Escassez de Alimentos para Elefantes na Tailândia

Dentro da Elephant Food House, uma escultura de um elefante vitruviano, confeccionada com papel feito a partir de excremento de elefante, estabelece uma conexão potente entre nutrição e resíduos. Premthada enfatiza que este material foi a origem de seu design centrado nos elefantes e na natureza. Colocada em frente à entrada do abrigo, esta figura simboliza o ciclo vital que une as duas espécies.

“A desigualdade não é apenas sobre conceder direitos aos animais, mas sobre cultivar empatia que os humanos devem ter por outros seres vivos”, reflete o arquiteto. Segundo ele, manter um equilíbrio no ecossistema é uma responsabilidade humana. “No passado, focamos apenas na nossa conveniência, ignorando o mundo ao nosso redor.”

As origens do projeto estão intimamente ligadas a um problema ambiental persistente na Tailândia: a constante diminuição das fontes alimentares para os elefantes. O desmatamento, o desenvolvimento de terras e a invasão humana, além das mudanças climáticas, levaram à escassez. No vilarejo de Taklang, as florestas que outrora forneciam nutrição essencial para a população de elefantes estão em via de extinção. As Food Houses foram, portanto, mapeadas como pontos de coleta, onde os moradores podem trazer vegetais frescos para alimentar os elefantes.

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Mediação da Coexistência Através da Arquitetura

Além de suplementar a dieta dos elefantes, os passeios até os abrigos contribuem para a digestão e o bem-estar geral, reforçando uma interação saudável entre as espécies. As estruturas também servem como pontos de descanso, oferecendo sombra tanto para humanos quanto para elefantes ao longo de rotas que eram essenciais para a forragem e migrações sazonais.

Exposta sob o tema Desigualdades na Triennale Milano, a Elephant Food House mantém seu propósito inicial, revelando as pressões ecológicas enfrentadas pelos elefantes e as complexas relações que moldam como as espécies coexistem. A proposta do arquiteto sugere que estruturas, tradicionalmente projetadas para uso humano, podem se tornar recursos compartilhados, promovendo a convivência em harmonia. Premthada refere-se a essa interconexão como uma “Nação Humana e Não-Humana”, uma estrutura que reconhece a humanidade como parte de uma ecologia maior e entrelaçada.

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Leia a matéria na integra em: www.designboom.com

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