A casa familiar evolui através da adaptação
A Austrália é palco de inovações arquitetônicas, e o estúdio Austin Maynard Architects revelou uma nova residência que promete inspirar transformações. Intitulada Clarke, a casa foi projetada para uma família que enfrentou os limites de sua moradia amada. Após mais de uma década, especialmente em tempos de isolamento durante a pandemia, os espaços internos deixaram de atender às necessidades diárias de dois adultos trabalhando em home office e dois adolescentes. A solução encontrada foi expandir o lar com um espaço que prioriza a integração e a funcionalidade.
A residência original era uma casa de um andar, em madeira, necessitando de mais espaço. Em vez de descartar o que já existia, a equipe arquitetônica optou por trabalhar com a estrutura original, preservando a essência da casa enquanto reimaginava seu uso. O resultado é uma extensão cuidadosamente projetada, marcada por um desenho escalonado e unificada pela presença de ripas de madeira que suavizam as transições entre arquitetura e utilidade, forma e privacidade.
A forma da casa, com suas linhas irregulares, é envolta por uma fachada composta por essas ripas, que seguem o ângulo do telhado original. A identidade visual de Clarke é resultado da harmonia, e não do contraste. As ripas não só conectam os ambientes, como também garantem sombra e criam limites sutis entre o interior e o exterior. A sala de estar, que apresenta um design de pavilhão, é levemente elevada e se abre para o jardim através de grandes portas de vidro.
Imagem © Derek Swalwell
Austin Maynard Architects celebra a vida indoor-outdoor
Para os proprietários da Clarke, o pedido à Austin Maynard Architects envolveu tanto aspectos emocionais quanto práticos. O conceito de ‘sozinhos juntos’ orientou a criação do espaço, promovendo conexões sem sacrificá-las. O projeto equilibrou a necessidade de ambientes sociais abertos com a privacidade de escritórios e espaços de tranquilidade para os adolescentes. Inspirada em suas experiências no Japão, a família buscou um estilo de vida que mescla interior e exterior de forma fluida.
A nova disposição da casa foi cuidadosamente planejada. A entrada agora leva a um núcleo iluminado, contornando áreas privadas. Três pequenos jardins introduzem vistas e brisas naturais ao espaço, promovendo uma circulação harmoniosa. Os ambientes se desdobram, partindo das funções práticas do andar térreo até um volume superior que abriga um apartamento independente para os adolescentes, equipado com um redes e um escondido “Quarto Rosa”.
Clarke, projetada por Austin Maynard Architects, transforma um chalé suburbano em um lar familiar iluminado e em camadas.
A natureza é convidada a entrar
Na casa Clarke, nenhum detalhe passou despercebido pela equipe de Austin Maynard Architects. Desde tanques de água quente até depósitos de bicicletas, os serviços essenciais estão discretamente integrados na arquitetura. Telas deslizantes feitas de ripas ocultam e organizam o espaço, permitindo acesso quando necessário, mantendo a coerência visual. Esses momentos de pragmatismo são pensados para se integrar perfeitamente ao projeto.
Enquanto muitas adições se voltam apenas para os fundos, a casa Clarke convida o jardim a entrar por todos os lados. Três viveiros de luz funcionam como pulmões, trazendo claridade e verdor para o centro da casa e rompendo com a lógica linear tradicional dos corredores. Isso garante que cada vista interna se reconecte com a natureza.
A individualidade é reconhecida e espacializada. Os ambientes destinados aos adolescentes acomodam diferenças de forma harmoniosa, oferecendo tranquilidade e cor. O “Quarto Rosa”, solicitado por uma das filhas e escondido por uma discreta porta panelada, ilustra a atenção do estúdio a gestos personalizados. Essas surpresas são sempre informadas pelas experiências vividas, nunca são meras trivialidades.
O design da casa reflete a necessidade de união e de espaços que apoiam tanto a privacidade quanto a conexão.
Uma nova entrada lateral e uma série de jardins introduzem luz e ventilação ao interior da casa.
A disposição evita planos abertos cavernosos, criando zonas distintas, mas fluidas.
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