Os resultados do último Censo 2022 revelaram um dado alarmante: desde 2010, a população da Cidade do Rio de Janeiro caiu em 110.123 pessoas, equivalente a uma redução de 1,77%. Hoje, a cidade abriga 6.211.223 habitantes. Essa perda de população não é apenas uma estatística, mas reflete um movimento de deslocamento que vem ocorrendo ao longo das últimas décadas, com moradores deixando áreas das zonas Norte, Sul e Centro em busca de novas residências na Zona Oeste, região que, apesar de sua escassa infraestrutura urbana, passou a receber um número crescente de habitantes. Isso acarreta uma demanda crescente por obras e serviços públicos, enquanto os bairros que já possuem infraestrutura continuam a ver sua população diminuir.
Além do Rio de Janeiro, outras capitais brasileiras também vivenciam essa tendência de queda populacional. Salvador, Natal, Belém, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza apresentaram declínios similares, com algumas cidades registrando uma redução superior a 5% em 12 anos. Municípios vizinhos também não ficaram isentos desse fenômeno: São Gonçalo, por exemplo, perdeu 10,3% de sua população, com Nilópolis, Petrópolis, Duque de Caxias e São João de Meriti apresentando quedas significativas.
A análise demográfica dos bairros cariocas, feita pela Prefeitura, levanta questões sobre essa movimentação. Entre 2010 e 2022, Jacarepaguá foi o grande destaque, com um crescimento populacional de 66.685 pessoas, representando um aumento de 42,39%. O Recreio dos Bandeirantes também viu um crescimento expressivo, com 59.076 novos moradores, seguido por Guaratiba e Santa Cruz. Por outro lado, a Tijuca, um dos bairros mais tradicionais, enfrentou uma perda de 21.479 habitantes, resultando em uma diminuição de 13,11% em sua população. Outros bairros como Vila Isabel, Penha e Copacabana também apresentaram quedas significativas.
A dinâmica populacional do Rio de Janeiro revela uma distribuição desigual: 73% dos bairros sofreram perdas populacionais, enquanto apenas cerca de 27% experimentaram crescimento. Isso levanta um alerta sobre a dispersão dos moradores, a qual pode resultar em uma menor densidade populacional, uma situação que, do ponto de vista ambiental, pode não ser considerada positiva.
Pesquisadores se questionam sobre os motivos por trás das quedas populacionais em bairros como a Tijuca e Vila Isabel. O caso de Copacabana, que apresenta uma significativa redução de 17.473 habitantes, pode ser atribuído a uma taxa elevada de mortalidade, considerando sua população idosa, ou à pressão de aluguéis de curto prazo, como já observado em áreas impactadas pelo fenômeno do Airbnb.
A Área Portuária, um projeto de revitalização chamado Porto Maravilha, continua a perder população. Nos últimos doze anos, a Saúde perdeu 873 moradores, representando uma diminuição de 31,76%, enquanto a Gamboa e o Santo Cristo também sofreram perdas alarmantes. As expectativas em torno desse projeto não se concretizaram, evidenciando falhas na execução da proposta original de atrair novos moradores para a área.
Além disso, iniciativas como o Porto Maravilha e o Reviver Centro, que visam revitalizar áreas urbanas, apresentam problemas em sua implementação. A falta de moradias acessíveis foi uma falha crítica, com o foco inicial sendo majoritariamente em edifícios comerciais e hotéis, resultando na expulsão de antigos moradores. O projeto Reviver Centro, por sua vez, parece favorecer locações temporárias, o que não traz os efeitos desejados para alterar a dinâmica populacional da região.
O crescimento das favelas cariocas também merece atenção. Dados do IPP indicam um aumento de 1.730.105,25 m² ocupados por favelas entre 2010 e 2022, uma alteração de 3,51%. Contudo, esse crescimento não reflete plenamente a realidade, já que muitas favelas estão se verticalizando rapidamente. Apesar de algumas regiões, como a Rocinha e o Vidigal, verem aumento populacional, outros locais como o Complexo do Alemão e Manguinhos apresentaram significativas perdas.
A perda de habitantes na Cidade do Rio de Janeiro precisa ser entendida dentro do contexto da crise das grandes cidades brasileiras e da diminuição de sua atividade econômica. Esse cenário não apenas drena o vigor da cidade, mas também indica uma ineficiência no uso de recursos que poderiam ser utilizados para melhorar a qualidade de vida dos residentes. A falta de um planejamento urbano eficaz, aliado a uma vontade política de implementá-lo, contrasta com as iniciativas pontuais que parecem priorizar os interesses do mercado imobiliário.
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