Arquitetura Coletiva: Redefinindo a Memória Arquitetônica
Quando falamos sobre a inteligência futura da arquitetura, uma parte significativa dos esforços históricos se concentrou em expandir limites—desafiando normas, explorando alternativas e projetando visões ousadas do que a arquitetura pode se tornar. O advento do modernismo exemplificou essa abordagem: novos materiais radicais e métodos de construção deram origem a um futuro arquitetônico amplamente reimaginado.
No entanto, um método de imaginar futuros arquitetônicos ainda é frequentemente negligenciado: o ato de revisitar criticamente o passado. Aprender, descobrir e documentar práticas espaciais e comunitárias menos conhecidas é tão essencial quanto as inovações. Esses conhecimentos mais sutis—como os espaços foram utilizados, adaptados e habitados—podem revelar percepções duradouras que moldam futuros mais fundamentados e culturalmente ressonantes.
O Arquivo Vivo da Arquitetura
Em um brevíssimo Q&A, conversamos com os curadores da exposição de Hong Kong na Bienal de Arquitetura de Veneza 2025—Fai Au, Professor Associado de Prática na Universidade de Hong Kong; Ying Zhou, Professor Associado na Universidade de Hong Kong e Presidente da DOCOMOMO Hong Kong; e Sunnie S.Y. Lau, Professora Associada na HKU e CUHK, e fundadora do SOS design de arquitetura. Intitulada “Projetando o Patrimônio Futuro: Um Arquivo de Hong Kong”, a exposição nos instiga a considerar o que significa arquivar a arquitetura—não apenas como um registro de edifícios, mas como um corpo vivo de conhecimento, memória e inteligência.
Perspectivas sobre a Prática de Arquivamento
Fai Au: Arquivar arquitetura transcende a preservação de estruturas físicas—envolve capturar tanto os aspectos tangíveis quanto os intangíveis de um edifício. As narrativas embutidas no contexto, como histórias e interações públicas, são fundamentais para compreender a vida do edifício.
Ying Zhou: Arquivar arquitetura é fundamentalmente diferente de arquivar arte—não podemos preservar um edifício de forma exata. O que arquivamos são fragmentos e ideias que representam as narrativas envolvendo o espaço.
Sunnie S.Y. Lau: A arquitetura resiste a práticas arquivísticas convencionais, pois é moldada pela ocupação. A intenção de congelar um edifício em seu estado “original” muitas vezes contradiz sua natureza dinâmica.
A Urgência do Arquivamento na Arquitetura
No contexto das cidades com histórias complexas, o arquivamento se torna ainda mais urgente. Conservar a memória coletiva, mesmo quando a estrutura física desapareceu, completa a narrativa histórica. É uma questão de perda e recuperação; o arquivamento se torna uma forma de advocacia, destacando tipologias em risco e as mudanças invisíveis na identidade urbana.
A globalização e a hibridização da identidade arquitetônica trazem desafios e oportunidades incríveis para as cidades. Em locais como Hong Kong, onde legados coloniais, tradições vernaculares e modernidade hipernacional se entrelaçam, a arquitetura se torna um local de reinterpretação contínua. Essa fluidez apresenta desafios arquivísticos fundamentais, exigindo um olhar crítico sobre como os elementos conflitantes se convergem em uma identidade emergente.
Rethinking Archiving Strategies
A organização do arquivo arquitetônico precisa ser repensada. Os sistemas tradicionais estão se adaptando para incluir intangíveis, como vídeos e modelos digitais, necessitando de novas lógicas de preservação. No entanto, a consciência da necessidade de preservar o patrimônio arquitetônico ainda está em desenvolvimento, especialmente em Hong Kong, que ainda carece de práticas arquivísticas mais robustas.
Capturando o Intangível
Não podemos traduzir totalmente a história de cada edifício em um formato arquivístico fixo. O objetivo é revelar a energia e o processo por trás do trabalho. É por isso que na nossa exposição em Veneza incluímos momentos participativos, envolvendo artesãos e trabalhadores locais, reconhecendo que esses momentos de engajamento também fazem parte do arquivo.
A documentação do uso, adaptação e significado dos edifícios deve, portanto, considerar a arquitetura não como um monumento fixo, mas como um palimpsesto—de forma que possamos capturar os sucessivos reimaginamentos que estes espaços experienciaram ao longo do tempo.
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