A Joia da Adega: Desvendando o Vinho do Porto com Fernando Seixas
Uma garrafa de vinho do Porto merece ser tratada como uma verdadeira joia na adega. Enquanto não a abrimos, é natural que nos preocupemos com sua condição: será que está na temperatura ideal? A luz não a atingiu? Está devidamente armazenada? Para evitar uma dor de cabeça, faço questão de verificar o estado dessa preciosidade, desfrutando de certo alívio, ainda que momentâneo. Afinal, um bom vinho do Porto não é apenas uma bebida; é um símbolo que atravessa séculos, sempre presente nos momentos de celebração.
Vale ressaltar que o Vinho do Porto é um vinho fortificado, oriundo da região vitivinícola do Douro, em Portugal. Embora existam vinhos fortificados produzidos em outras partes do mundo, apenas aqueles que vêm dessa região podem ser chamados de Vinho do Porto.
Recentemente, tive a oportunidade de conhecer Fernando Seixas, um verdadeiro guardião do vinho do Porto e diretor comercial de exportação da renomada vinícola Taylor’s. Fundada em 1692, a Taylor’s é uma das casas mais tradicionais na produção dessa bebida e ficou famosa por ter desenvolvido o Port LBV (late bottled vintage).
Em uma visita ao Brasil, Fernando Seixas conduziu um almoço promovido pela importadora Qualimpor, detentora exclusiva da Taylor’s no país, para apresentar uma nova linha de vinhos tranquilos da casa, chamada Principal. Durante a ocasião, aproveitei para explorar os segredos que fazem da Taylor’s um dos grandes nomes entre os amantes do vinho do Porto.
O Segredo da Excelência
Perguntei a Fernando sobre o segredo por trás da produção de um dos melhores vinhos fortificados do mundo e como a Taylor’s se mantém no topo ao longo dos anos. Para ele, o segredo reside na paixão, na dedicação e na valorização do conhecimento adquirido ao longo das gerações da família Taylor’s. Além disso, a vinícola se destaca por estar situada em uma das melhores regiões do mundo para a produção de uvas.
Atraindo Novos Consumidores
Diante da nova geração de consumidores que ingressa no mundo dos vinhos, indaguei sobre as adaptações necessárias para capturar esse público. Fernando enfatizou a importância de permanecer fiel à essência da marca, enquanto também se mantém relevante em um mercado em evolução. Com isso, a Taylor’s tem inovado, buscando sempre a qualidade sem abrir mão de sua tradição.
O Envelhecimento dos Vinhos
Com as mudanças no perfil dos consumidores, questionei se ainda havia espaço para os vinhos do Porto mais envelhecidos, como aqueles com 20, 30 ou 50 anos. Fernando acredita que esses rótulos ainda possuem um mercado crescente. Ele revela que a Taylor’s foi pioneira na criação da categoria de vinhos com 50 anos ou mais e do VVOP (very, very old port), bebidas que têm mais de 80 anos.
Tecnologia e Tradição
Sobre a utilização da tecnologia na produção de vinho, Fernando ressalta que ela é essencial, mas deve ser aplicada apenas onde é necessária. Ele acredita que o conhecimento acumulado ao longo dos séculos na região do Douro deve ser respeitado e preservado, mantendo o que já está bem feito.
Desafios das Mudanças Climáticas
Diante do contexto atual das mudanças climáticas, perguntei como a Taylor’s se adaptaria a essas transformações. Fernando argumenta que a vinícola está bem preparada, uma vez que o terroir do Douro é favorável a climas quentes e secos. Os vinhedos, não irrigados, criam raízes profundas, permitindo que as castas autóctones se adaptem a essas condições desafiadoras. Contudo, ele observa que as mudanças climáticas trouxeram imprevisibilidade e fenômenos extremos.
Preservando a Tradição
No que diz respeito ao legado histórico do Vinho do Porto, indaguei sobre como os consumidores podem respeitar essa tradição que perdura por anos. Fernando sugere que a melhor forma de honrar essa história é abrir garrafas de vinho do Porto de qualidade frequentemente, permitindo que a bebida surpreenda com sua riqueza e história.
As Melhores Experiências
Aproveitando a conversa, perguntei a Fernando qual foi o melhor Porto que ele já degustou e quais harmonizações ele recomendaria. Ele compartilha que os melhores vinhos que já provou incluem o Taylor’s Scion 1955, o Vintage Taylor’s 1963 e o Vintage Taylor’s 2011. Em relação às harmonizações, sugere sobremesas e queijos, como torta de maçã, torta de amêndoas, fondant de chocolate e foie-gras.
Em suma, o Vinho do Porto é mais do que apenas uma bebida – é um elo com a história e a tradição. O ato de apreciá-lo é um convite para celebrar, refletir e respeitar os legados que nos foram deixados pelas gerações passadas.
Sobre o Autor
Stêvão Limana é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pós-graduado em enologia, postulante a sommelier profissional e maratonista nas horas vagas. Ele explora temas sobre vinhos e gastronomia, compartilhando sua paixão e conhecimento com seus leitores.
Leia a matéria na íntegra em: CNN
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